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    BC diz que juro bancário deve subir após alta da taxa Selic

    EDUARDO CUCOLO

    30/10/2014 12h38

    O aumento da taxa básica de juros anunciado na quarta-feira (29) deve levar à elevação dos juros bancários, que recuaram nos últimos meses, e a uma "moderação" na liberação de financiamentos, segundo o Banco Central.

    O chefe do Departamento Econômico da instituição, Tulio Maciel, afirmou nesta quinta (30) que as medidas de incentivo ao crédito anunciadas em julho e agosto têm efeito restrito sobre os financiamentos. Já a mudança na Selic, que passou de 11% para 11,25% ao ano, afeta diretamente o crédito bancário.

    "O mecanismo de transmissão da política monetária sobre o crédito é esse, uma elevação da taxa de juros e moderação do crédito. É claro que há outras influências, como nível da atividade econômica e confiança", afirmou.

    Em setembro, a taxa média de juros para pessoas físicas caiu pelo segundo mês consecutivo, para 27,5% ao ano, menor percentual desde fevereiro (27,4%). A inadimplência passou de 4,4% para 4,2% nessas operações.

    Segundo Maciel, não há contradição entre as duas ações do BC, pois as primeiras –que incluíam retirada de restrições e liberação de dinheiro para compra de carteiras de crédito entre bancos– tinham objetivos regulatórios. "Não foram para estimular o crédito."

    "As medidas que foram tomadas têm alcance restrito em termo de evolução do crédito. A decisão do Copom [Comitê de Política Monetária] tem um efeito mais relevante sobre a expansão do crédito", afirmou.

    Editoria de Arte/Folhapress
    Indicadores - Juros
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    Maciel afirmou ainda que o efeito visto até agora dessas ações foi o aumento na concessão de financiamentos para compra de veículos por pessoas físicas, que cresceu 11% em setembro, na comparação com agosto, e alcançou o maior valor do ano. Foram liberados R$ 8,5 bilhões em empréstimos nessa linha de crédito no mês passado.

    "Temos destaque nas concessões para veículos. Em parte, a reação que a gente vê nessa modalidade pode estar influenciada pelas medidas anunciadas anteriormente."

    Sobre a aceleração do crédito total em setembro, Maciel atribuiu parte do resultado ao efeito contábil da alta do dólar em setembro sobre a carteira de crédito do BNDES, parcialmente referenciada em moeda estrangeira, que representa dois terços dos financiamentos para pessoas jurídicas com recursos subsidiados. A carteira de crédito para empresas com recursos direcionados cresceu 2,4% em relação a agosto.

    Sem o efeito câmbio, o aumento teria sido de 1,7%.

    As operações totais de crédito bancário cresceram 1,3% em setembro em relação a agosto. No mês anterior, o avanço mensal havia sido de 0,9%. Também houve aceleração no crescimento em 12 meses, de 11,1% até agosto para 11,7% até setembro. O saldo chegou a R$ 2,9 trilhões (57,2% do PIB).

    A aceleração do crédito se deu após o anúncio da liberação de mais de R$ 40 bilhões em incentivos feitos pelo BC em julho e agosto e em meio ao período eleitoral.

    Nesta quarta-feira (29), no entanto, o BC tomou medida no sentido contrário e elevou a taxa básica de juros de 11% para 11,25% ao ano, três dias após a reeleição da presidente Dilma Rousseff.

    Folhainvest

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