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    Alta surpresa da Selic faz Bolsa subir mais de 2% e derruba dólar

    DE SÃO PAULO

    30/10/2014 18h16

    A inesperada alta da Selic anunciada pelo Banco Central na quarta-feira, de 11% para 11,25%, animou os mercados financeiros nesta quinta, levando o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, a fechar em alta de 2,52%, em 52.336 pontos.

    O dólar comercial, usado em transações do comércio exterior, fechou cotado em R$ 2,408, com queda de 2,43% –o maior recuo em um só dia desde setembro do ano passado. Referência no mercado financeiro, o dólar à vista caiu 1,65%, para R$ 2,4067.

    A elevação da taxa básica de juros foi bem recebida no mercado financeiro, que viu sinalização de que a política econômica do novo governo Dilma deve ser diferente, mais alinhada a uma ortodoxia e perseguição da meta de inflação, além de, na avaliação de analistas, demonstrar independência de atuação do BC, o que também agrada aos investidores.

    O destaque ficou para a alta das ações de bancos, beneficiadas pela elevação da Selic -que pode implicar aumento de juros cobrados em financiamentos, segundo disse o próprio BC hoje.

    Em seu relatório do início do dia, o analista Ricardo Kim, da XP Investimentos, já previa que hoje o mercado daria "um voto de confiança" ao governo após o aumento da Selic. E isso foi o que se observou ao longo do dia.

    Para os analistas Daniel Liberato e Felipe Silveira, da Coinvalores, os agentes do mercado já previam que 2015 seria um ano de ajuste, mas, depois da campanha eleitoral, havia dúvida de quanto ajuste seria feito e quando ele iria começar.

    "O efeito [da alta da Selic] foi tão positivo que até ações de setores que normalmente perdem no curto prazo com aumento de juros, como varejistas e segmentos de consumo, subiram hoje", dizem os analistas da Coinvalores.

    Isso porque, dizem eles, o sinal passado pela alta dos juros é de ajuste mais forte agora e melhoria na economia no futuro, o que acaba beneficiando tais segmentos.

    AÇÕES

    Mas o destaque do dia no Ibovespa ficou para as ações de bancos. Itaú (+8,08%, para R$ 35,58), Bradesco (ordinárias -com direito a voto-subiram 7,74%, para R$ 34,78) e Banco do Brasil (+7,03%, para R$ 34,78) foram três das quatro ações com maiores altas do índice no pregão desta quarta-feira.

    Para o diretor da Escola de Investimentos Leandro & Stormer, Alexandre Wolwacz uma conjunção de fatores contribuíram para o bom desempenho dos papéis dos bancos nesta quinta-feira.

    Para ele, a surpreendente elevação dos juros e a sinalização de uma nova política econômica levaram a esse cenário, combinado ao bom resultado trimestral apresentado pelo Bradesco -o banco lucrou R$ 3,875 bilhões no 3º trimestre.

    As ações da Petrobras também subiram: as preferenciais, mais negociadas, +2,14%, para R$ 14,32, e as ordinárias, com direito a voto, +1,85%, para R$ 13,78. Na visão dos analistas da Coinvalores, a alta da Selic também abre perspectiva para que o aumento de combustíveis entre novamente na pauta, na mesma perspectiva de mudança de condução da política econômica.

    Na ponta negativa ficaram Bradespar (-4,81%, para R$ 15,65), as duas ações da Vale (preferenciais com queda de 4,47%, para R$ 20,50, e ordinários com recuo 4,28%, para R$ 23,70), além de papéis da Usiminas (-2,74%, para R$ 5,32).

    A Vale anunciou nesta quinta-feira um prejuízo de R$ 3,38 bilhões no 3º trimestre, o que acabou por derrubar suas ações.

    Devido a sua participação na Vale, a Bradespar acabou caindo. "A Bradespar está muito associada à Vale, nem mesmo o bom desempenho do Bradesco conseguiu compensar o impacto do resultado negativo da Vale na companhia", considera Wolwacz, da Escola de Investimentos Leandro & Stormer.

    Os analistas da Coinvalores destacam ainda a influência negativa da baixa do dólar nas empresas exportadoras, como a própria Vale, siderúrgicas e empresas de papel e celulose.

    DÓLAR

    A alta da Selic teve um efeito ainda mais curioso no mercado de dólar. No final de cada mês, tradicionalmente, a cotação da moeda tende a subir para a formação da taxa Ptax, média que baliza contratos indexados na moeda estrangeira.

    E nesta quinta-feira o valor do dólar caiu. O fato foi destacado por Riberto Frederico, operador de câmbio atacado da Ourominas. "Hoje era um dia para o dólar subir, com a formação da Ptax e o anúncio do Fed ontem, de cortar o programa de incentivos à economia, mas ainda assim ele caiu por causa da alta da Selic", afirmou.

    O Banco Central deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, por meio do leilão de 4.000 swaps cambiais (operação que equivale a uma venda futura de dólares), pelo total de US$ 198 milhões.

    A autoridade monetária também promoveu um novo leilão para rolar o vencimento de 8.000 contratos de swaps cambiais que expirariam em 3 de novembro, por US$ 392,1 milhões.

    Folhainvest

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