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    Para governo, reação do mercado à Selic dá folga para novas medidas

    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA

    31/10/2014 02h00

    A decisão do Banco Central de subir os juros foi considerada pelo governo uma iniciativa correta, que faz a presidente Dilma Rousseff ganhar tempo para definir com tranquilidade, sem pressões do mercado, seu novo ministro da Fazenda e medidas para ajustar as contas públicas, que estão no vermelho.

    Segundo auxiliares, a reação positiva do mercado à medida do BC –a cotação do dólar caiu 2,45%, fechando a R$ 2,408, e a Bolsa subiu 2,5%– alivia a pressão sobre a presidente, deixando-a mais à vontade para tomar com calma suas decisões sobre seu segundo governo.

    Um assessor destaca, porém, que isso não significa que ela vai ficar postergando suas medidas até o final do ano. "Só fica mais tranquilo e sem turbulências para ela decidir a seu tempo, que pode ser a qualquer momento", afirmou o auxiliar.

    A intenção da presidente é anunciar em novembro seu novo ministro da Fazenda e um pacote de medidas fiscais de médio e longo prazos para melhorar o desempenho das contas públicas.

    Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress

    Ela já encomendou ao atual ministro Guido Mantega (Fazenda) o pacote de ações na área fiscal e vai analisá-lo na próxima semana, depois de voltar de seu período de descanso na Bahia.

    Segundo um assessor, está sendo preparado para 2015 um "importante corte de despesas" para garantir um superavit primário (economia de gastos para pagamento de juros da dívida) no próximo ano mais forte do que em 2014 –neste ano, o governo não irá conseguir cumprir sua meta de fazer o setor público economizar 1,9% do PIB (Produto Interno Bruto).

    No Banco Central, que elevou na quarta-feira (29) a chamada taxa Selic de 11% ao ano para 11,25%, a avaliação é que a alta dos juros teve o efeito esperado. Assessores presidenciais disseram à Folha que a alta foi um sinal ao mercado de que Dilma começará o segundo mandato priorizando o combate à inflação e fazendo as correções necessárias na área econômica.

    A tendência do Copom (Comitê de Política Monetária) é promover mais uma alta da taxa na última reunião do ano, em dezembro, também de 0,25 ponto percentual.

    A opção pelo aumento já em novembro foi tomada para reduzir o custo do aperto na política monetária. Deixar a medida para dezembro demandaria um aumento maior da dose, provavelmente de 0,50 ponto percentual, o que poderia causar maior impacto negativo futuro sobre a atividade econômica num período em que o país está registrando crescimento fraco.

    LEIA MAIS nas págs. B3 e B4

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