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    Seca faz Itaipu perder, pela 1ª vez na história, liderança global em energia

    ESTELITA HASS CARAZZAI
    DE CURITIBA

    01/11/2014 02h00

    A estiagem no país fará mais um recorde negativo neste ano: pela primeira vez em sua história, a usina de Itaipu não deverá ser a maior do mundo em produção de energia.

    A hidrelétrica chega ao fim de 2014 com "um mês a menos" de MWh (megawatts-hora) gerados em comparação com o ano passado, quando bateu a maior marca de produção.

    A queda, segundo a própria usina, é um reflexo da falta de chuvas no país.

    Paulo Lisboa - 18.mar.2014/Brazil Photo Press/Folhapress
    Vertedouro da hidrelétrica de Itaipu (PR); nível do lago está em 216 metros (ideal é entre 219 e 220 m)
    Vertedouro da hidrelétrica de Itaipu (PR); nível do lago está em 216 metros (ideal é entre 219 e 220 m)

    Com a perspectiva de mais seca até o fim do ano, a produção tende a permanecer baixa, sem alcançar o recorde do ano passado e tampouco os números da "concorrente" Três Gargantas, na China, que deve se tornar a maior do mundo em geração em 2014.

    A redução da produção foi de 10,2% até outubro. Dados do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) mostram que a queda mais acentuada foi em setembro: 19%, em comparação com o mesmo período do ano passado.

    Sem chuvas, especialmente na região Sudeste, onde nasce o rio Paraná (que desemboca na usina), o nível do reservatório de Itaipu caiu.

    Como a energia é gerada a partir da queda da água nas turbinas, quanto menor a queda (ou seja, quanto mais baixo o nível do reservatório), menos elas produzem.

    Hoje, o nível do lago está em cerca de 216 metros. A cota ideal para a operação da usina, em que há maior produtividade das turbinas, é quase quatro metros acima: entre 219 e 220 metros.

    O fluxo de água que chega à usina diminuiu quase 15% em comparação com o ano passado. Ainda não chegou, porém, ao ponto da crise do apagão em 2001, quando o nível do reservatório chegou ao recorde mínimo de 215,35 metros.

    COPA

    Um outro fator influenciou na queda da produção: uma estratégia do governo para poupar a hidrelétrica em ano de Copa do Mundo. Por uma questão de segurança, a potência das linhas de transmissão que saem da usina de Itaipu foi reduzida durante o evento, para evitar problemas elétricos.

    O mesmo, porém, já havia acontecido em 2013, durante a Copa das Confederações, razão pela qual esse é apontado como um motivo secundário da queda.

    PRODUÇÃO AINDA ALTA

    O superintendente de operação de Itaipu, Celso Torino, destaca que, apesar da redução, a produção permanece como um das melhores da história da hidrelétrica.

    "Se a produção deste ano, por hipótese, fosse interrompida hoje, a marca de 78,3 milhões de MWh seria a terceira maior já alcançada por qualquer usina do mundo", afirma o executivo.

    De acordo com o ONS, a queda da produção de Itaipu é comum a outras hidrelétricas, em razão da estiagem, mas não denota nenhum risco de crise energética ou racionamento no país.

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