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    Brasil abre mercado e envia milho à China

    MARCELO NINIO
    DE PEQUIM

    01/11/2014 02h00

    Um navio carregado de milho partiu em meados de setembro do Brasil e deve chegar nos próximos dias à China. É o primeiro embarque desde que o mercado chinês foi oficialmente reaberto ao cereal brasileiro, no fim de março.

    O envio foi comemorado como um avanço pelas autoridades brasileiras, mas não clareou as incertezas que ainda cercam a exportação de milho para a China.

    A maior dúvida é em relação a uma variedade de milho transgênico usada no Brasil, MIR 162, que não foi aprovada pelo Ministério da Agricultura chinês.

    A variedade também é a mais usada pelos produtores dos EUA e da Argentina, que ao lado do Brasil estão entre os três maiores exportadores de milho do mundo.

    Andrew Caballero-Reynolds - 14.mai.2014/Bloomberg
    Navio carrega milho em porto de Limassol; o Brasil fez o primeiro carregamento, em setembro, do cereal para a China
    Navio carrega milho em porto de Limassol; Brasil fez o primeiro carregamento, em setembro, para China

    No início do ano, a China barrou um carregamento do cereal procedente dos EUA, alegando ter detectado indícios da variedade MIR 162.

    O carregamento que está a caminho da China não deve ter problemas, pois supostamente contem milho convencional ou de variedades transgênicas já aprovadas.

    O caminho para as vendas de milho do Brasil para a China foi aberto em novembro do ano passado, com o acordo fitossanitário assinado entre os países.

    O primeiro envio só ocorreu agora, dez meses depois, devida às dúvidas sobre a aprovação de sementes geneticamente modificados por parte das autoridades chinesas.

    Para tratar dessa e de outras pendências, o ministro da Agricultura do Brasil, Neri Geller, planeja vir em meados de novembro a Pequim.

    A visita ainda não está confirmada porque as datas previstas coincidem com a cúpula do bloco econômico Apec (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico), o que dificulta o agendamento de encontros com o governo chinês.

    Cercada de um mega esquema de segurança, a reunião da Apec terá a presença do presidente dos EUA, Barack Obama, entre chefes de Estado dos 21 países membros.

    A China não tem pressa de liberar a entrada de mais milho, uma vez que está com excesso de estoque. Recentemente, realizou um grande leilão do cereal.

    Apesar de ser um bom indício, o recente envio de milho brasileiro para a China não ocorre num momento muito propício para a exportação.

    Como é muito mais barato comprar milho de fora do país do que a produção doméstica, o governo chinês decidiu restringir a importação, anunciou na semana passada o vice-premiê Wang Yang.

    "A grande diferença entre os mercados estrangeiros e os domésticos causou uma disparada na importação de grãos. O estoque do outono corre sérios riscos", disse.

    Outra pendência que o ministro brasileiro tentará destravar em Pequim, caso sua visita se confirme, será a entrada da carne bovina brasileira na China.

    É outra abertura de mercado chinês que ainda não saiu do papel. O produto foi barrado pela China no fim de 2012, devido a um caso atípico do mal da vaca louca. Em julho foi anunciada a suspensão do embargo, durante a visita ao Brasil do líder chinês, Xi Jinping. Mas até agora os procedimentos não foram finalizados e a decisão não entrou em vigor.

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