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    Gasolina vai subir 3%, e diesel, 5%, diz Petrobras

    DE SÃO PAULO
    DO RIO

    06/11/2014 19h36

    A Petrobras informou que irá reajustar a gasolina em 3% nas refinarias a partir da 0h desta sexta-feira (7). O diesel sofrerá aumento de 5%, também nas refinarias.

    O anúncio foi feito nesta quinta (6) em comunicado enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Este é o primeiro reajuste desde 29 de novembro de 2013.

    O presidente do Sincopetro (sindicato dos postos), José Alberto Gouveia, disse que o repasse para o consumidor deverá ficar "um pouco abaixo" do reajuste aplicado nas refinarias para as distribuidoras. "No último aumento, que foi de 4%, o repasse na bomba foi de cerca de 3%", disse.

    A Petrobras havia recebido na terça (4) o aval do ministro da Fazenda Guido Mantega, presidente do conselho de administração da empresa, para reajustar os combustíveis. Na ocasião, o ministro havia pedido à empresa que o valor não divulgasse o anúncio no dia, segundo a Folha apurou.

    No dia seguinte, a Petrobras havia informado ao mercado que "a orientação do CA [Conselho de Administração] tem sido pela manutenção dos níveis de preços. Até o momento, não há data ou percentual definidos para
    o reajuste no preço da gasolina e do diesel".

    A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, fez uma apresentação ao grupo, em Brasília, em que mostrava projeções com o percentual de 8% de reajuste. O esperado era que o aumento para a gasolina ficasse em 5%. Para o diesel, esperava-se um aumento de 6% a 7%.

    AUMENTO NEGOCIADO

    Pelo estatuto da Petrobras, a decisão pelo reajuste dos combustíveis é da diretoria-executiva da empresa, liderada pela presidente Maria das Graças Foster.

    Na prática, porém, o aumento é negociado junto ao governo, uma vez que a concessão traz impactos inflacionários, e depois a proposta é apresentada aos conselheiros. A União controla a Petrobras e, nessa condição, nomeia sete dos dez conselheiros.

    Como depende do aval do governo, a Petrobras não reajusta imediatamente os combustíveis conforme as oscilações do mercado internacional.

    Nos últimos quatro anos, as perdas para a Petrobras com a política de não reajuste imediato dos combustíveis são calculadas em R$ 60 bilhões, segundo a corretora Gradual.

    PREÇOS

    Neste ano, os combustíveis permaneceram a maior parte do tempo com preço abaixo da cotação internacional, chegando, em alguns casos, a uma defasagem de 20%.

    Com a queda no preço mundial do petróleo, da faixa de US$ 100 para US$ 85 o barril, no último mês, a perda diária da Petrobras praticamente deixou de existir.

    Até a semana passada, último dado disponível, a gasolina estava 1% mais cara no Brasil do que no exterior. Já o diesel, tinha defasagem de 4,5%.

    Apesar da menor defasagem, analistas dizem que o reajuste é necessário para recompor parcialmente as perdas de caixa dos últimos anos.

    A defasagem foi um dos fatores que contribuíram para a dívida líquida da empresa crescer 237% nos últimos cinco anos, de R$ 71,5 bilhões para R$ 241,3 bilhões.

    Segundo Adriano Pires, presidente do CBIE (Centro Brasileiro de Infra-estrutura), o aumento publicado pela Petrobras não produzirá efeito significativo sobre as perdas acumuladas pela estatal ao longo do ano.

    O executivo afirma que, para reverter esse prejuízo até o final do ano, os reajustes precisariam ser de 20% para a gasolina e para o diesel.

    Ele avalia que sempre que há um aumento dos combustíveis há um desgaste com a população e, devido à pequena elevação dos preços, perdeu-se uma oportunidade de trazer equilíbrio ao setor.

    "Já que o governo quis conceder esse aumento inútil à Petrobras, deveria ter retornado a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) sobre os combustíveis. Isso ajudaria a reequilibrar as contas de Estados e municípios, além de premiar o etanol", afirma.

    A Cide é um imposto incidente nos combustíveis fósseis que foi zerado em 2011 como contrapartida a um aumento feito pela Petrobras. O governo decidiu baixar o tributo para permitir que a estatal recompusesse parte da margem perdida com a importação de gasolina, que estava mais cara no exterior do que era vendida aqui.

    Pires afirma que, com o aumento dos preços, a gasolina deve ficar 3% mais cara no Brasil do que no golfo americano, enquanto o diesel está com preço equivalente.

    BOLSA

    As ações da Petrobras negociadas na bolsa de Nova York operam em alta de 1,58%, a US$ 10,90, no pós-fechamento do mercado americano após a estatal anunciar o reajuste. Os papéis ordinários da companhia fecharam o pregão em queda de 3,85%, cotadas a US$ 10,73.

    As ações chegaram a operar em alta de 2,33% logo após o anúncio, mas em seguida passaram a subir em ritmo menor.

    Na Bolsa brasileira –que fechou antes do anúncio–, os papéis preferenciais (sem direito a voto) da Petrobras perderam 2,36%, a R$ 14,06. o Ibovespa, principal índice de ações nacional, encerrou o dia com perda de 1,98%, para 52.637 pontos.

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