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    Com aumento da gasolina, analistas preveem inflação no ano perto do teto

    SAMANTHA LIMA
    DO RIO
    JOANA CUNHA
    MACHADO DA COSTA
    MAURO ZAFALON
    DE SÃO PAULO
    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA

    07/11/2014 02h00

    O reajuste de 3% no preço da gasolina e de 5% no do diesel nas refinarias terá um impacto estimado em 0,11 ponto percentual na inflação do ano. Segundo análise da consultoria Gradual, o IPCA chegaria a 6,46% em 2014 –próximo do teto da meta, de 6,5%.

    O aumento está em vigor desde a 0h desta sexta (7).

    A Folha apurou que a presidente da Petrobras, Graça Foster, havia feito, no encontro, uma apresentação que trazia o percentual de 8%.

    Segundo o governo, o reajuste menor -chamado internamente de "simbólico"- deve evitar que a inflação estoure o teto da meta em 2014.

    O aumento vinha sendo defendido por especialistas do setor havia vários meses e chegou a ser tema de campanha -até recentemente, a Petrobras vendia no mercado interno combustível por preço menor que o pago pelo produto importado.

    A alta, no entanto, não deve ser suficiente para a Petrobras recuperar o prejuízo dos últimos anos com a defasagem dos preços -estimado em R$ 60 bilhões, segundo a corretora Gradual.

    O reajuste de ontem fora autorizado pelo ministro Guido Mantega (Fazenda) em reunião do Conselho de Administração da empresa, na terça. Mantega é presidente do conselho. Na ocasião, não houve acerto sobre o preço.

    O aumento, segundo interlocutores do governo, também serve para sinalizar ao mercado um desejo de fortalecer a Petrobras e praticar uma política de preços mais realista no segundo mandato.

    Além das dificuldades de caixa provocadas pela defasagem de preços, a Petrobras tem sua imagem prejudicada pelo escândalo revelado pela Operação Lavo Jato.

    As ações preferenciais, as mais negociadas, acumulam queda de 17,7% no ano.

    Segundo Adriano Pires, presidente do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), para a Petrobras reverter o prejuízo acumulado ao longo deste ano com a defasagem de preços, os reajustes precisariam ter sido de 20% para a gasolina e para o diesel.

    Nas últimas semanas, com a queda do petróleo no mercado internacional, a defasagem foi zerada.

    De acordo com Pires, após o reajuste, a gasolina deve ficar 3% mais cara no Brasil do que no golfo americano, enquanto o diesel fica com preço equivalente.

    NA BOMBA

    O preço nas bombas, que é livre, deverá ser reajustado à medida que novos estoques de combustível cheguem aos postos.

    O presidente do Sincopetro (sindicato dos postos), José Alberto Gouveia, estima que o repasse para o consumidor fique "um pouco abaixo" do reajuste aplicado nas refinarias.

    "No aumento anterior, que foi de 4% [em 29 de novembro de 2013], o repasse na bomba foi de cerca de 3%."

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