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    O brasil que dá certo - infra

    Análise: Estado precisa investir e também reconhecer limitações

    DE SÃO PAULO

    10/11/2014 02h00

    Nos últimos três anos, os investimentos médios em infraestrutura no Brasil têm sido da ordem de R$ 120 bilhões. Em 2014, apesar da incerteza e de crescentes restrições fiscais, projetamos que os investimentos alcancem R$ 130,4 bilhões ou 2,54% do PIB (tendo por referência um PIB nominal de R$ 5.135 bilhões).

    Assim, rompemos a barreira simbólica de 2,5% do PIB em investimentos em infraestrutura, mas por um mal motivo -uma economia quase estagnada. Onde tivemos avanços e em que ficamos empacados?

    TRANSPORTES

    Foi o setor que mais avançou, de 0,84% para 1,2% do PIB entre 2011 e 2014, e o que tem as melhores perspectivas: expansão média anual dos investimentos de 9%.

    INFRAESTRUTURA
    Iniciativas bem-sucedidas barateiam custos

    As concessões rodoviárias finalmente deslancharam ao final de 2013 e terão papel relevante nos próximos anos.

    A privatização envergonhada dos aeroportos (ao forçar uma participação desnecessária da Infraero) está levando à modernização dos terminais, e há sinalização do governo de continuidade.

    Nos portos, gradativamente os investimentos irão se elevar -uma vez a incerteza regulatória se dissipe, após a tumultuada tramitação da nova Lei dos Portos.

    Somos, contudo, céticos quanto ao novo modelo ferroviário e a forma como o governo pretende alavancar os investimentos no setor, que continuam a depender das atuais concessionárias. Talvez com o trecho entre Lucas do Rio Verde (MT) e Campinorte (GO) venhamos a ter o primeiro leilão bem-sucedido.

    Finalmente, os projetos de mobilidade urbana, após o empurrão da Copa, irão depender do espaço fiscal que os novos governantes conseguirão criar a partir de 2015.

    ENERGIA ELÉTRICA

    Apesar do imperativo da expansão do sistema e da necessidade de sua modernização, com a redução de perdas e a elevação da eficiência no uso da energia, projetamos uma queda dos investimentos em 2016 e 2017 com o fim dos grandes projetos hidroelétricos e a universalização da cobertura das distribuidoras.

    Contudo, a continuidade dos leilões de geração e transmissão apontam para uma retomada em 2018.

    SANEAMENTO

    De acordo com o Plano Nacional de Saneamento Básico, divulgado em dezembro de 2013, serão necessários investimentos de R$ 16 bilhões por ano até 2033 para universalização dos serviços de abastecimento de água e coleta e tratamento esgoto.

    Já pelos nossos cálculos, de 2014 a 2018 estaremos investindo uma média de R$ 11,7 bilhões com incremento médio nominal de 3,3% ao ano. Estamos marcando passo.

    TELECOMUNICAÇÕES

    O setor de telecomunicações se caracteriza por ciclos de investimentos. Tendo atingido seu nadir neste ano, com R$ 19 bilhões, a expectativa é que haja uma recuperação já a partir de 2015, com um crescimento médio de 5,7% ao ano até 2018, tanto pela necessidade de melhoria da qualidade dos serviços quanto por força da introdução de novas tecnologias.

    Em síntese: projetamos que em 2018 os investimentos em infraestrutura alcançariam 2,86% do PIB. Teremos avançado, mas não o suficiente, pois modernizar a infraestrutura do país requer investimentos da ordem de 4,5% do PIB por um longo período. Calculamos que sejam necessários pelo menos 20 anos.

    O investimento em infraestrutura precisa ser uma política de Estado. Mas uma política inteligente, reconhecendo as obrigações do Estado no planejamento e regulação, e suas limitações no plano do financiamento e execução.

    E inversamente, uma política desenhada para mobilizar de fato o potencial de contribuição do setor privado –sem subsídios ou artificialismos. Esses, os princípios que devem nortear os investimentos em infraestrutura no país.

    *

    CLÁUDIO ROBERTO FRISCHTAK, doutor em economia pela Universidade Stanford, é presidente da Inter.B Consultoria Internacional de Negócios

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