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    Folhainvest

    Cliente afetado por fraude no Tesouro Direto aparece como devedor

    EDUARDO CUCOLO
    DE BRASÍLIA

    10/11/2014 02h00

    Entre os investidores que possuíam aplicações na corretora Corval há pessoas que perderam suas aplicações financeiras e ainda aparecem na contabilidade da instituição como devedores.

    A corretora está sendo acusada, por exemplo, de se apropriar do dinheiro de uma operação de aluguel de ações realizada pela aposentada Solange Wolf, 77.

    No lugar do dinheiro, a Corval depositou títulos do Tesouro Direto que pertenciam a terceiros. Agora, os responsáveis pela liquidação cobram dela o ressarcimento dos títulos e do dinheiro, que somam R$ 468 mil.

    Solange tenta reaver ainda R$ 85 mil em ações que estavam custodiadas na corretora. Sua expectativa é recuperar pelo menos R$ 70 mil, valor coberto pelo Mecanismo de Ressarcimento de Prejuízos da BM&FBovespa.

    "É um absurdo permitirem que a corretora faça operações assim, pegando dinheiro que não era da minha tia, colocando títulos de terceiros para cobrir e cobrando duplamente o cliente lesado", diz Rodrigo Wolf, 31, sobrinho da aposentada que tem participado das tentativas de resolver o problema.

    SEM APLICAÇÃO

    Há casos ainda em que a corretora é acusada de pegar o dinheiro dos investidores, mas não realizar a aplicação.

    O microempresário Ivan Braga Sposito, 38, buscou a Corval para reduzir o risco de deixar todas as aplicações em uma única corretora. Comprou uma LCI (Letra de Crédito Imobiliário) em 2013 e acompanhou pelo site HPN Invest/Corval o investimento, que aparecia em sua conta mesmo após a liquidação.

    Orientado pelos interventores, iniciou o processo para transferir a LCI para outra corretora. Em novembro, o registro da aplicação desapareceu e ele foi informado que o investimento nunca foi feito.

    "O liquidante me falou que o documento é falso", afirmou Sposito. "Ele disse que eu tenho de entrar na massa falida ou tentar o Mecanismo de Ressarcimento de Prejuízos da Bolsa", disse.

    O empresário paulista José Roberto Salvador, 25, escolheu a corretora por ela aparecer no site do Tesouro como uma das mais baratas.

    Salvador possuía títulos do Tesouro Direto e correu o risco de perder tudo. "Recebi um email numa sexta-feira, às 12h, dizendo que eu tinha de mandar os dados da minha conta em uma nova corretora até as 17h", afirmou.

    Depois de entrar em contato com a equipe responsável pela liquidação, conseguiu um acréscimo nesse prazo. "Abri a conta em outra corretora e na quinta-feira seguinte recebi outro email pedindo para enviar os dados para transferência. Em dois dias estava tudo resolvido."

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