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    G20 prepara 'PAC global' para economia

    CLÓVIS ROSSI
    DE ENVIADO ESPECIAL A BRISBANE

    11/11/2014 02h00

    O Brasil vai se comprometer com seus parceiros no G20, o clubão das grandes economias do planeta, a investir cerca de US$ 49 bilhões (R$ 125,6 bilhões) nos próximos cinco anos, fora as iniciativas já previstas nos PACs (Programas de Aceleração do Crescimento).

    É a contribuição brasileira para que se alcance a meta a ser fixada pela cúpula do G20 na Austrália, neste fim de semana, de fazer o mundo crescer em cinco anos dois pontos percentuais acima do que se previa até o fim de 2013.

    Se a meta for de fato alcançada, a riqueza mundial engordará US$ 2 trilhões no período, o que equivale a pouco menos de toda a economia brasileira.

    A decisão de criar essa espécie de PAC planetário foi tomada pelos ministros de Economia do G20 no início do ano e será certamente ratificada pelos chefes de governos que se reunirão a partir de sábado, 16, em Brisbane.

    Para evitar que tudo fique na retórica, o G20 cobrou planos específicos de ação dos países membros, que serão consolidados em Brisbane.

    Apareceram até agora mais de 900 iniciativas de investimentos, tendo o Brasil contribuído com sete delas. São todos projetos posteriores aos PACs. Surgiram depois da cúpula anterior do G20, realizada em setembro de 2013.

    Trata-se basicamente de um pacote de logística e concessões de obras públicas. Mas envolve também programas já em andamento, como o "Super Simples", de simplificação tributária, ou o Pronatec (ensino técnico).

    Estes não estão quantificados e, portanto, não fazem parte dos US$ 49 bilhões prometidos ao G20.

    Dave Hunt-8.nov.14/Efe
    Vestidos de contadores e simulando uma praia em paraíso fiscal, manifestantes protestam contra o G20 em Brisbane
    Vestidos de contadores e simulando uma praia em paraíso fiscal, manifestantes protestam contra o G20 em Brisbane

    FMI E OCDE

    O mecanismo global não ficará solto no espaço: será acompanhado pelo Fundo Monetário Internacional e pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, grupo dos 34 países mais desenvolvidos de que o Brasil só não participa porque não quer).

    O Brasil está, em todo o caso, na contramão do programa a ser lançado em Brisbane, porque, em vez de crescer mais, como pede o G20, está desacelerando.

    Mas, nas negociações ao longo do ano para a cúpula de Brisbane, não houve críticas ao país, ao menos até onde a Folha pôde apurar.

    E não houve por uma razão negativa para o país, mas benéfica para os parceiros: o Brasil está apresentando déficit em conta corrente, a que mede todas as transações com o exterior, na faixa de 3,7% de seu PIB (Produto Interno Bruto, medida da produção econômica do país).

    Significa que o Brasil está financiando o crescimento alheio. Logo, seus parceiros não podem reclamar.

    Tampouco podem reclamar do baixo crescimento brasileiro porque é um fenômeno que afeta a maioria das economias do G20.

    Tanto é assim que a meta de crescer dois pontos percentuais acima das previsões já foi reduzida, na mais recente reunião dos ministros de Economia: caiu para 1,8 ponto percentual.

    As cerca de 900 iniciativas apresentadas para compor essa espécie de PAC global não dão para mais que isso.

    META AMBICIOSA

    Mesmo assim, é uma meta ambiciosa: significa acrescentar 50%, no período de cinco anos, ao crescimento de 3,5% que o FMI prevê para 2014/2015 (a expectativa é que, neste ano, a economia do mundo avance 3,3% e, no próximo, 3,8%).

    É factível, nas atuais condições globais? O secretário-geral da OCDE, Ángel Gurría, depois de examinar as propostas acha que "é possível fazer o truque".

    Para torná-lo de fato possível, o G20 aprovará também a criação de um "Núcleo de Infraestrutura Global".

    Será uma estrutura provisória destinada "a fechar a brecha de informação entre os setores público e privado em termos de infraestrutura", define Joe Hockey, secretário australiano do Tesouro.

    Ou seja, trata-se de aproximar os investidores institucionais dos projetos que os governos listaram para alcançar a meta de crescer mais.

    Editoria de arte/Folhapress

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