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    Acordo pode prejudicar exportação de carne bovina brasileira para China

    MARCELO NINIO
    DE PEQUIM

    17/11/2014 15h58

    China e Austrália anunciaram nesta segunda (17) a conclusão de um acordo de livre comércio que amplia as relações econômicas entre os dois países e poderá dificultar as exportações de carne bovina do Brasil para o mercado chinês.

    O acordo, que consumiu dez anos de negociação, derruba tarifas para a entrada de produtos australianos na China, e beneficia sobretudo o setor de carne bovina, vinho e derivados de leite. Os chineses, por sua vez, terão menos barreiras para investir em empresas na Austrália.

    Uma declaração de intenções foi assinada em Canberra, capital da Austrália, durante a visita ao país do líder, Xi Jinping. O acordo final será selado no próximo ano.

    Ele prevê que 95% das exportações australianas para a China terão tarifa zero dentro de quatro a cinco anos. Em contrapartida, produtos chineses, como têxteis, também terão cortes de tarifas.

    As autoridades australianas classificaram o acordo de "histórico", estimando que ele poderá acrescentar US$ 20 bilhões ao comércio bilateral. Em 2013, as trocas somaram entre os dois países totalizou US$ 150 bilhões. É o terceiro acordo semelhante assinado neste ano pela Austrália, depois de Japão e Coreia.

    Apu Gomes - 26.nov.2012/Folhapress
    Gado da raça Nelore em fazenda no Tocantins; acordo entre China e Austrália pode prejudicar exportação
    Gado da raça Nelore em fazenda no Tocantins; acordo entre China e Austrália pode prejudicar exportação

    O premiê australiano, Tony Abbot, destacou os benefícios para o setor agrícola, e comparou com o acordo de livre comércio entre China e Nova Zelândia, de 2008.

    "É pelo menos tão bom para a nossa agricultura como foi o da Nova Zelândia", disse Abbot. "Suas exportações de produtos lácteos cresceram de US$ 500 milhões para mais de U$ 3 bilhões".

    O acordo que facilita as exportações da Austrália ocorre num momento em que o mercado chinês está prestes a ser reaberto para a carne bovina brasileira, depois de dois anos de embargo por causa de um caso atípico do mal da vaca loca.

    MERCADO BRASILEIRO

    Um novo protocolo sanitário foi finalizado no último sábado e o Brasil deve recomeçar as exportações para a China em janeiro, disse à Folha o ministro da Agricultura, Neri Geller. Ele afirmou não estar preocupado com o acordo entre China e Austrália porque confia na capacidade de fornecimento do setor de carne bovina do Brasil.

    No ano passado, a Austrália respondeu por 52% da carne bovina importada pela China, de um total de US$ 1,3 bilhões. O acordo anunciado em Canberra coloca o produto australiano em vantagem para continuar dominando o mercado.

    Segundo estimativa do serviço de notícias australiano "Beef Central", especializado no mercado de carne vermelha, o acordo tem o potencial de aumentar as exportações do país para a China em US$ 270 milhões anualmente.

    Para a Austrália, ademais, foi uma forma de mostrar que pode aprofundar a relação econômica com seu principal parceiro comercial enquanto mantem a aliança política e de defesa com os Estados Unidos.

    Em discurso no Parlamento australiano, Xi Jinping procurou afastar os temores de que ascensão da China é uma ameaça para a região.

    "Nem turbulência nem guerra servem os interesses do povo chinês", disse Xi.

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