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    Papéis da Eletrobras acumulam desvalorização de 25% no mês

    TATIANA FREITAS
    DE SÃO PAULO

    19/11/2014 02h00

    A crise financeira da Eletrobras voltou a derrubar suas ações na Bolsa.

    Só neste mês, os papéis preferenciais classe B da empresa acumulam queda de 25%. As ações ordinárias, com direito a voto, caem 15%.

    A nova debandada dos investidores é estimulada, entre outros fatores, pela possibilidade de a empresa não distribuir dividendos aos seus acionistas pela primeira vez na história. A hipótese foi admitida nesta semana pela própria companhia.

    Após o prejuízo de R$ 2,7 bilhões registrado no terceiro trimestre deste ano, o diretor financeiro e de relações com investidores da Eletrobras, Armando Casado de Araújo, disse que existe uma probabilidade real de a empresa não pagar dividendos.

    A estatal tem uma reserva de R$ 2,1 bilhões para a distribuição de proventos aos acionistas. Mas, até setembro, tem R$ 1,8 bilhão em prejuízo acumulado. Caso volte a apresentar resultado negativo no quarto trimestre, não sobraria dinheiro suficiente para pagar os dividendos.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Analistas avaliam esse cenário como bastante provável. "A Eletrobras pode ter perdas no quarto trimestre devido à sua exposição ao mercado de curto prazo. Se essas perdas consumirem as reservas, ela não deve declarar os dividendos prioritários para ações preferenciais", diz relatório do Citi.

    Como os reservatórios das hidrelétricas continuam muito baixos, a empresa precisa comprar energia no mercado à vista, que tem preços mais altos, para garantir o abastecimento às distribuidoras. Nesse mercado, o valor da energia continua no limite máximo estabelecido.

    Só no terceiro trimestre, a Eletrobras gastou R$ 3,1 bilhões na compra de energia para revenda -fator determinante para o prejuízo no período. E, até que as chuvas voltem e os reservatórios se recuperem, as geradoras do grupo terão de continuar assumindo essa despesa.

    Após a divulgação do balanço, Araújo não soube precisar por quanto tempo a empresa continuará exposta aos preços do mercado à vista.

    PREJUÍZO RECORRENTE

    Caso o prejuízo da Eletrobras em 2014 se confirme, este será o terceiro ano consecutivo de perdas.

    Em 2013 e 2012, ela registrou prejuízos da ordem de R$ 6 bilhões.

    "Nem por isso deixamos de pagar dividendos", disse Araújo a analistas, destacando que, caso se confirme, a suspensão do pagamento será pontual.

    Desde a prorrogação antecipada das concessões de energia mediante a redução das tarifas, em 2011, a empresa vem sofrendo com a queda dos preços e baixas de ativos. Neste ano, a seca prolongou a crise no setor.

    Colaborou ANDERSON FIGO, de São Paulo

    Folhainvest

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