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    Bolsa tem melhor semana desde 2009 com equipe econômica no radar

    ANDERSON FIGO
    DE SÃO PAULO

    21/11/2014 17h56

    O principal índice da Bolsa brasileira disparou 5% nesta sexta-feira (21) e fechou sua melhor semana em mais de cinco anos, após reportagem da Folha antecipar que a presidente Dilma vai anunciar Joaquim Levy como novo ministro da Fazenda e Nelson Barbosa como titular do Planejamento. O dólar voltou para a casa de R$ 2,51.

    Analistas e economistas ouvidos pela Folha disseram que essa composição traz nomes mais próximos ao mercado e que a repercussão da Bolsa e do câmbio no dia é um sinal de aposta dos investidores no resgate da credibilidade do governo.

    O anúncio oficial da nova equipe econômica era esperado para esta sexta-feira, mas não deve ocorrer, segundo a Secretaria de Comunicação da Presidência, que não especificou nova data.

    O Ibovespa subiu 5,02%, para 56.084 pontos. Foi a maior alta diária desde 9 de agosto de 2011, quando avançou 5,10%. O volume financeiro foi de R$ 12,359 bilhões, bem acima da média diária em novembro, de R$ 6,471 bilhões, segundo dados da BM&FBovespa. Na semana, houve ganho de 8,33%, melhor desempenho semanal desde o período entre 4 e 8 de maio de 2009, quando subiu 8,68%.

    Das 70 ações que compõem o Ibovespa, apenas quatro tiveram queda. As três maiores perdas foram de Suzano (-4,54%), Fibria (-3,50%) e Embraer (-3,47%), todas exportadoras que são prejudicadas pela desvalorização do dólar. Já a TIM caiu 2,86%.

    Do outro lado, as ações de estatais se destacaram entre os maiores ganhos do índice. Os papéis preferenciais (sem direito a voto) da Petrobras avançaram 11,89%, a R$ 14,30 cada um, enquanto os ordinários (com direito a voto) tiveram valorização de 11,17%, para R$ 13,63. A Eletrobras viu seu papel preferencial avançar 5,07%, enquanto o Banco do Brasil subiu 8,32%.

    Também colaborou para a alta da Bolsa medidas de estímulo anunciadas pelo governo chinês, que deram impulso principalmente aos papéis de mineradoras e siderúrgicas. O banco central da China cortou a taxa de juros no país pela primeira vez em mais de dois anos.

    Com isso, a ação preferencial da Vale subiu 6,93%, a R$ 20,22. A Bradespar, que possui participação na mineradora, avançou 8,97%. A China é o principal destino das exportações de minério da Vale.

    AVALIAÇÕES

    "Com um time desse, vão acabar as margens de especulação de que quem manda na política econômica é a Dilma. São pessoas respeitadas pelo mercado. É um recado claro de que as coisas vão mudar nos próximos quatro anos de governo. Eles têm uma política mais ortodoxa. Levy fez um trabalho importante no Tesouro durante governo Lula", disse João Pedro Brügger, analista da Leme Investimentos.

    Para o analista Raphael Figueredo, da Clear Corretora, os investidores têm perspectiva de um ministro da Fazenda mais autônomo. "Na minha opinião, [a alta da Bolsa] é uma forma de o mercado dar um voto de confiança de que Levy possa exercer um bom trabalho e, em especial, um trabalho com autonomia. Se a equipe for confirmada assim, a Bolsa pode mudar de tendência para cima."

    A passagem de Levy pelo Bradesco, segundo Julio Hegedus, economista-chefe da Lopes Filho, é outro ponto que agrada aos investidores. "Tem um currículo muito consistente. Se confirmado, Levy deve adotar a política fiscal que ele acha adequada. Ele faz ajustes com medidas transparentes. Não existe mágica nessa área: se você gastou demais, tem que arrumar dinheiro de algum lado. Tem que jogar limpo na política fiscal. Ele vai mostrar que a situação é de sacrifício e de ajuste, pois temos um orçamento muito engessado", afirmou.

    Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos avalia que Levy "tem uma boa imagem" junto ao mercado. "Fez parte do governo do PT que tentou uma aproximação ao mercado, e depois foi para o Bradesco. Já Barbosa esteve no governo mais recentemente e saiu por divergências na politica econômica. Se esses nomes forem confirmados, é possível haver uma mudança na tendência da Bolsa", disse.

    CÂMBIO

    No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou esta sexta-feira com desvalorização de 2,08% sobre o real, cotado em R$ 2,519 na venda. Foi a maior queda diária desde 6 de outubro. Na semana, houve baixa de 3,09% –maior queda semanal desde o período entre 16 e 20 de setembro de 2013. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, cedeu 0,90% no dia e 3,00% na semana, para R$ 2,522.

    O Banco Central do Brasil deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, através do leilão de 4.000 contratos de swap cambial (operação que equivale a uma venda futura de dólares), pelo total de US$ 197,4 milhões.

    A autoridade deu sequência também ao processo de rolagem dos contratos de swap cambial que vencem em 1º de dezembro de 2014. O BC vendeu 14.000 contratos nessa operação, por US$ 681,9 milhões. Até o momento, a autoridade já rolou cerca de 68% do lote total com prazo para o primeiro dia do mês que vem, que equivale a US$ 680,4 bilhões.

    Folhainvest

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