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    Construção deve sentir impactos da Lava Jato em 2016, diz sindicato

    DA REUTERS

    24/11/2014 12h18

    A indústria da construção brasileira não deve crescer em 2015, previu nesta segunda-feira o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), citando fatores desaceleração do consumo e do crédito e prevendo que eventuais impactos da operação Lava Jato para o setor só deverão ser sentidos em 2016.

    "O mercado imobiliário deverá prosseguir em fase de ajuste, a renda e o consumo das famílias deverão crescer menos e as contratações de obras relacionadas a novos investimentos deverão ocorrer com mais intensidade somente a partir do segundo semestre", disse a entidade em nota.

    Essas variáveis negativas deverão ofuscar a contribuição positiva de projetos de infraestrutura para o setor, incluindo concessões e obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), além do programa de habitação popular Minha Casa Minha Vida.

    Segundo o vice-presidente de economia do sindicato, Eduardo Zaidan, o impacto para as empresas que são referência da indústria com o desenrolar das investigações envolvendo denúncias de corrupção na Petrobras não deverá mudar fundamentalmente o horizonte para as obras de infraestrutura no próximo ano.

    Joel Silva/Folhapress
    Operários trabalham na limpeza da margem do leito de transposição do Rio São Francisco, em Petrolina (PE)
    Operários limpam a margem do leito da transposição do Rio São Francisco, em Petrolina (PE)

    OBRAS DE INFRAESTRUTURA

    "A infraestrutura vai ter algum crescimento positivo em função do que já foi contratado em 2012, 2013, principalmente aeroportos e estradas", disse Zaidan. "Existe visão de que contratos em andamento devem continuar", completou.

    Porém, na visão do presidente do Sinduscon-SP, José Romeu Ferraz Neto, alguma consequência da operação da PF poderá ser sentida no setor em 2016.

    "A infraestrutura deve sofrer um pouco em 2016, mas o fato de (o caso) estar sendo investigado da forma como está é muito bom a médio e longo prazo para um saneamento do mercado", disse. "Existem no mercado muitas empresas preparadas, é oportunidade para reciclagem", acrescentou Ferraz Neto.

    Segundo Zaidan, a operação da PF deve "mudar paradigma de licitação no Brasil", em referência à possibilidade de empresas menores serem contempladas em editais. "Você tem muitas empresas capacitadas a fazer pedaço de obra (...) Quem tem competência e preço tem direito de participar", completou Zaidan.

    Ele previu que poderá haver aumento no número de consórcios participantes de licitações e também "algum tipo de abertura maior para (companhias de construção) estrangeiras".

    PERSPECTIVAS

    Se confirmada, a estagnação da indústria da construção no ano que vem deverá ser igual ou pior que o desempenho registrado em 2014, para o qual a expectativa do Sinduscon-SP é de crescimento de no máximo 0,5%, ante estimativa anterior de avanço de até 1 por cento.

    De acordo com o sindicato, a queda na produção de materiais de construção no país este ano será superior a 5 por cento, com o comércio desses insumos apresentando crescimento nulo. O emprego na indústria da construção, por sua vez, deverá cair 0,3%, puxado sobretudo pela retração no segmento imobiliário.

    Já para 2015, a projeção é de recuo de 1,5% na produção de materiais de construção, queda não especificada no comércio desses produtos, e declínio de 2% do emprego na indústria.

    "Não são números empolgantes, mas têm por trás de si aspectos positivos que devem ser ressaltados", disse a coordenadora de projetos de construção da FGV, Ana Maria Castelo, em referência à expectativa de maior compromisso do governo federal com as metas de inflação e ajuste fiscal.

    "O cenário macro deve mostrar piores indicadores, mas à medida que tivermos uma arrumação de casa isso pode devolver confiança das famílias e dos empresários", afirmou Castelo.

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