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    Fusão de minas deve pôr fim a imbróglio da CSN

    TATIANA FREITAS
    DE SÃO PAULO

    25/11/2014 02h00

    O impasse entre a CSN e os seus sócios asiáticos na Namisa, mina localizada em Congonhas (MG), está perto do fim. O desfecho deve ser a fusão da Namisa com a Casa de Pedra, mina também controlada pela brasileira.

    Em um breve comunicado divulgado nesta segunda (24), a CSN informou ter assinado, na última sexta (21), acordos prevendo a "combinação" dos negócios de mineração e parte dos negócios de logística da companhia.

    Os ativos devem ser separados em uma nova empresa, em linha com o plano antigo da siderúrgica de segregar a área de mineração em uma outra companhia.

    Não há mais detalhes sobre o acordo. Novas informações devem ser divulgadas após a aprovação dos conselhos de administração dos envolvidos, até o dia 12.

    O anúncio provocou alta das ações da CSN na Bolsa. Os papéis fecharam com valorização de 1,2%, cotados a R$ 6,76, mas chegaram a subir 6,7% durante o pregão.

    Ainda não há, no entanto, consenso entre os analistas sobre as consequências desse acordo para a empresa.

    O mercado aguarda a fusão da Namisa e da Casa de Pedra há pelo menos um ano, quando começaram as negociações entre a CSN e o consórcio asiático sócio da Namisa sobre o futuro do negócio.

    Para a CSN, a fusão com a Casa de Pedra traria ganhos de escala e de produtividade para a área de mineração.

    Mas, para alguns analistas, a principal motivação da CSN ao buscar a fusão está na penalidade de aproximadamente US$ 3 bilhões que ela pode ser obrigada a pagar aos asiáticos caso não haja acordo.

    No ano passado, os sócios da CSN, que detêm uma participação de 40% na Namisa, exerceram uma opção de sair do negócio, prevista em contrato, porque a brasileira não havia cumprido as metas de crescimento da Namisa.

    Em busca de uma solução, a CSN propôs a fusão da Namisa com a Casa de Pedra, mina de ferro de grande porte e de alta qualidade controlada pela siderúrgica.

    Se a proposta não for aceita pelos sócios, o impasse poderá ser transformado em uma ação de arbitragem, prevista no acordo de acionistas.

    O consórcio asiático pode exigir que a brasileira recompre a sua participação na mina, adquirida em 2008 por cerca de US$ 3 bilhões.

    A recompra da fatia dos asiáticos na Namisa significaria um alto desembolso para a CSN, que ao final do terceiro trimestre tinha dívida líquida de R$ 17,6 bilhões.

    ALÍVIO?

    Com poucas informações sobre o negócio -não se sabe, por exemplo, a participação das partes na empresa-, poucos analistas se arriscaram a avaliar a operação.

    "Se por um lado isso pode representar um alívio para a companhia (...), por outro lado fica a dúvida em relação ao valor que os ativos da Casa de Pedra podem ter sido avaliados diante do atual cenário de queda no preço do minério", afirmou Victor Penna, analista do BB Investimentos, em relatório.

    Já o analista Rodolfo Angele, da JPMorgan Securities, vê a transação como negativa. "No final, a CSN está entregando parte de um ativo estratégico valioso, que é a mina Casa de Pedra", disse ele, segundo a agência Reuters.

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    CSN / 3º TRIMESTRE

    RECEITA LÍQUIDA R$ 3,88 bilhões
    EBITDA R$ 977 milhões
    FUNCIONÁRIOS 22 mil
    DÍVIDA LÍQUIDA R$ 17,6 bilhões
    CONCORRENTES Usiminas, Arcellor-Mittal e Gerdau, entre outras

    NAMISA
    Acionistas
    CSN (60%) e os parceiros asiáticos Itochu Corporation, JFE Steel Corporation, Posco, Kobe Steel, Nisshin Steel e China Steel Corporation (40%). Os sócios entraram em 2008, quando a CSN vendeu participação minoritária na Namisa por US$ 3 bilhões

    MINERAÇÃO
    Com as minas Namisa e Casa de Pedra, a CSN é autossuficiente em minério de ferro e ocupa a sexta posição nas exportações mundiais

    *lucro antes de juros, depreciações, impostos e amortizações; Fonte: empresa

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