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    Economia cresce só 0,1% no 3º tri e fica abaixo das expectativas

    PEDRO SOARES
    DO RIO

    28/11/2014 09h04

    Após dois trimestres consecutivos em queda, a economia do país cresceu apenas 0,1% do segundo para o terceiro trimestre deste ano e saiu, em tese, da chamada recessão técnica. Pelo critério adotado por uma ala de economistas, esse cenário ocorre quando há dois períodos seguidos de declínio.

    No primeiro trimestre, a retração foi de 0,2%. Já no segundo trimestre a produção de bens e serviços do país declinou 0,6% nessa base de comparação.

    O resultado dos meses de julho, agosto e setembro mostra que a atividade econômica deixou a recessão, porém segue estagnada. O fraco desempenho foi ditado pela queda do consumo das famílias.

    Em relação ao terceiro trimestre de 2013, o PIB recuou 0,2%. Com esse resultado, acumula alta de 0,2% neste ano. O indicador dos últimos 12 meses encerrados em setembro soma uma variação positiva de 0,7%.

    Os dados do PIB foram divulgados nesta sexta-feira (28) pelo IBGE e estão abaixo do previsto pelo mercado. Segundo levantamento da agência Bloomberg com 46 economistas, era esperada alta média de 0,2% do segundo para o terceiro trimestre. Já na comparação com o mesmo trimestre de 2013, a expectativa era de recuo de 0,1%.

    Editoria de Arte/Folhapress

    RECESSÃO OU NÃO

    Apesar de ser amplamente usado por analistas e em países desenvolvidos, sobretudo nos EUA, o diretor de pesquisas do IBGE, Roberto Olinto, diz que o termo recessão técnica "não está nos manuais" nem se caracteriza num "conceito" adotado oficialmente por institutos oficiais de estatística.

    Já analistas o adotam para definir os chamados ciclos econômicos –de expansão ou recessão. Se uma economia para de crescer por dois trimestres, a sinalização é de recessão, segundo esse receituário.

    Uma parte dos analistas, porém, faz uma relativização e diz que tudo depende da magnitude de queda e de outros indicadores.

    SETORES

    Segundo o IBGE, a indústria registrou alta de 1,7% no terceiro trimestre frente aos três meses anteriores, após fortes perdas no primeiro semestre e ajudou a impulsionar o PIB e evitar um resultado negativo.

    Já os serviços avançaram 0,5%, num ritmo fraco para o segmento que tem sido o mais dinâmico da economia. A agropecuária, por seu turno, mostrou forte perda de 1,9% e limitou a expansão da economia.

    Sob a ótica dos segmentos que absorvem a produção, o consumo das famílias, componente de maior peso do PIB, caiu 0,3%, num sinal de que a inflação maior e deterioração da confiança de consumidores já abala a disposição das famílias em comprarem. Já o investimento apontou uma alta de 1,3%, em tendência de retomada, após forte contração nos seis primeiros meses do ano. O consumo do governo teve alta de 1,3%.

    Ainda por este olhar da economia, as exportações avançaram 1%, enquanto as importações de bens e serviços subiram 2,4%, num ritmo mais acelerado.

    Em valores, o PIB do terceiro trimestre somou R$ 1,3 trilhão.

    RESULTADO SEM NOVIDADES

    Os resultados apresentados pelo IBGE não se traduzem em algo novo para economistas, que já olham com mais atenção para a economia em 2015 –ano que também deve registrar um fraco crescimento econômico em meio à medidas de austeridade fiscal implementadas pela nova equipe econômica, sob a batuta de Joaquim Levy (Fazenda), à inflação elevada e uma piora previsto do mercado de trabalho.

    Neste ano, o PIB sofreu com juros maiores, confiança de consumidores e empresários abalada, inflação elevada e sinais mais fortes de freada do emprego e desaceleração do rendimento.

    Diante disso, a maior parte dos economistas espera uma expansão da economia brasileira inferior a 0,5% em 2014 –algumas instituições não descartam uma taxa nula ou até mesmo negativa.

    No último Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central na segunda-feira (24), as projeções do mercado para o PIB caíram de aumento de 0,21% para alta de 0,20% neste ano. Há um mês, a estimativa era de crescimento de 0,27%. Para 2015, a aposta seguiu inalterada em 0,80%.

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