Uma operação de três meses empreendida pelo Ministério do Trabalho, pelo Ministério Público do Trabalho e pela Defensoria Pública da União em São Paulo resultou, no último dia 11, em um dos maiores resgates de imigrantes que trabalhavam em regime considerado análogo ao de "escravidão".
Trinta e sete bolivianos foram encontrados vivendo alojados em condições degradantes no Jardim Labitary (Grande SP) ao trabalharem para uma oficina de costura terceirizada de dois fornecedores das lojas Renner.
Segundo a Folha apurou, eles moravam em três endereços do bairro, próximos à oficina Leticia Paniagua Verdugues, que fabricava para as indústrias Betilha, do Brás, e Kabriolli, da Água Branca. Quase toda a produção da Betilha é para a Renner. A Folha não localizou a oficina.
Procurada, a rede Renner informou que não sabia da situação dos trabalhadores. Em nota, a empresa afirma que a oficina pagou todas as verbas rescisórias aos empregados.
A reportagem apurou que um termo de ajuste de conduta foi feito nesta quarta (26) por representantes das indústrias, que pagarão R$ 1 milhão até abril de 2015.
Todas as multas referentes aos danos morais causados aos trabalhadores ainda serão lavradas pelo MTE diretamente para as Lojas Renner. O Ministério Público decidirá se haverá uma ação civil pública contra a varejista.
Em um dos endereços flagrados pelos fiscais, na rua dos Tucanos, moravam ao menos dois trabalhadores e suas famílias, sendo um dos operários menor de idade. Havia, na cozinha, um quarto improvisado com uma cama.
Na confecção, localizada a poucos metros das três casas, havia máquinas de costura irregulares e problemas com fiação elétrica. Os trabalhadores haviam apresentado aos fiscais carteiras de trabalho assinadas e contrato de jornada de trabalho mensal. No entanto, a investigação concluiu que eles recebiam salário de acordo com a quantidade de peças produzidas e a jornada de trabalho era exaustiva, totalizando 70 horas semanais.