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    Mantega deixa Ministério da Fazenda com números desfavoráveis

    GUSTAVO PATU
    DE BRASÍLIA

    28/11/2014 02h00

    Como quase todo ministro da Fazenda, Guido Mantega deixará o cargo em meio a resultados desfavoráveis –afinal, quando as coisas vão bem, o comando da pasta tende a ser mantido.

    Sua saída, entretanto, não é uma reprovação da presidente a seu desempenho. Trata-se de um rearranjo da divisão de poder entre as duas correntes de pensamento que disputam a política econômica da administração petista.

    Depois de três anos e meio de hegemonia, os partidários de mais intervenção estatal são forçados a abrir espaço para defensores do bom convívio com o mercado.

    O primeiro grupo, cujo expoente maior é a própria Dilma Rousseff, migrou da periferia para o centro das decisões do início do governo Lula para cá.

    A ascensão e queda de Mantega, titular mais longevo da Fazenda em tempos democráticos, ilustra como os ciclos econômicos elevaram e derrubaram o prestígio dos desenvolvimentistas.

    O petista assumiu a Fazenda em 2006, depois que o líder dos mercadistas, Antonio Palocci, caiu após acusações de frequentar encontros entre empresários e lobistas.

    A economia nacional já vivia o que se mostrou o mais sólido período de crescimento desde os anos 70, graças à expansão do consumo chinês e à consequente alta dos preços das exportações.

    Enquanto a alta da arrecadação permitia expandir gastos sem reduzir a poupança do governo, a política econômica manteve o figurino ortodoxo e colecionou números favoráveis.

    No final de 2008, porém, o colapso financeiro no mundo desenvolvido desmoralizou os liberais a promoveu uma onda global de intervenções estatais.

    Editoria de Arte/Folhapress

    No Brasil, o governo expandiu gastos, reduziu juros e multiplicou a concessão de crédito pelos bancos públicos, o que permitiu uma recuperação espetacular da economia e a eleição de Dilma em 2010.

    O domínio dos intervencionistas se tornou completo no ano seguinte, quando Palocci, desta vez na Casa Civil, teve de deixar o governo novamente, por dificuldades em explicar seu patrimônio.

    Encerrada a disparada dos preços das exportações, porém, a economia esfriou, a arrecadação tributária minguou e os saldos das contas do governo e da balança comercial desapareceram.

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