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    black friday

    Black Friday fatura R$ 638 mi, mas recebe mais de 7.000 queixas

    CLAUDIA ROLLI
    DE SÃO PAULO
    FELIPE MAIA
    EDITOR-ADJUNTO DE "CARREIRAS"

    28/11/2014 19h56

    Com aumento de 56% nas vendas na Black Friday, os consumidores enfrentaram, pelo quarto ano, dificuldades para acessar sites, impossibilidade de concluir as compras e aumento prévio de preços antes de dar desconto.

    O site Reclame Aqui, canal on-line para queixas, registrou 7.600 reclamações no Brasil até as 18h30 entre as 320 empresas cadastradas no site (sendo 72 lojas físicas) que aderiram à Black Friday -quase seis horas antes de evento se encerrar.

    No ano passado, durante toda a promoção, foram 8.500 reclamações entre as 245 empresas (sendo 65 lojas físicas) que participaram do festival de descontos.

    As empresas que lideraram o ranking de queixas até esse horário eram Americanas.com, Submarino, Saraiva, NetShoes e Kabum!.

    "A expectativa é fechar em 12 mil queixas neste ano. Registramos 1 milhão de acessos neste ano, um recorde em relação aos 523 mil do ano passado. O consumidor buscou mais ofertas, mas também reclamou mais quando se sentiu lesado, inclusive em relação ao prazo e custo de frete, afirma Felipe Paniago, diretor do Reclame Aqui.

    Um dos casos citados é o de um consumidor de Parauapebas (Pará), que, ao tentar comprar um produto por R$ 19,90, pagaria R$ 120 de frete.

    Em relação ao prazo de entrega, houve relatos de lojas que pediam 50 dias nas compras da Black Friday. "Muita gente que esperou aproveitar a promoção para adiantar as compras de Natal com desconto foi surpreendida no momento de fechar as compras. Os produtos só devem chegar depois do Ano Novo. Há casos de previsão de mais de 50 dias para entrega. Em outros, segundo o portal, o aviso é mais educado: citam entrega em até 30 dias úteis", cita o portal.

    "Na hora de finalizar a compra, os consumidores também encontraram problemas. O preço da oferta não condizia ao do carrinho, ofertas de produtos pela 'metade do dobro' e maquiagem de preço", disse o diretor.

    O portal destacou um caso de um consumidor que tentou comprar uma passagem aérea em que a promoção prometia passagens a partir de R$ 69, com 41% de desconto. "Mas, ao clicar na promoção, esse 'a partir' subiu para R$ 138, isto é, praticamente dobrou de valor para uma pessoa. Com impostos e taxa de serviço, o valor total da passagem ficou por R$ 222."

    NO ESTADO DE SP

    As queixas registradas pelo Procon São Paulo também cresceram 150%, segundo dados computados até as 16h40 de sexta –passaram de 302 no ano passado para 753. Mas, em 2013, o Procon não havia feito uma operação especial para acompanhar o evento.

    Editoria de Arte/ Folhapress

    Sete em cada dez queixas apuradas pelo Procon se concentraram em três empresas: B2W (Americanas.com, Submarino e Shoptime), Nova Pontocom (Pontofrio.com.br, casasbahia.com.br, e extra.com.br) e Saraiva.

    Os principais problemas relatados pelos consumidores foram produto ou serviço anunciado indisponível, sites intermitentes (falha na página) e mudança de preço na hora de finalizar a compra.

    Fátima Lemos, assessora técnica do Procon São Paulo, diz que, encerrada a etapa de registro de queixas, o órgão vai verificar se cabe multa ou sanções às empresas que foram alvo de reclamações.

    RECEITA MAIOR

    Em 36 horas, de quinta-feira (27) até as 12h de sexta (28), o comércio eletrônico faturou R$ 638 milhões, de acordo com a consultoria E-bit. Trata-se de uma alta de 56% em relação ao mesmo período do evento no ano passado.

    Se o ritmo de vendas da tarde e da noite registrado no ano passado tiver se mantido o mesmo, é provável que o festival de descontos chegue à cifra de R$ 1,2 bilhão.
    Houve alta procura nos sites inclusive de madrugada, o que fez com que vários portais tivessem problemas de funcionamento durante a noite. "Quase todas as [grandes] lojas caíram", diz Pedro Guasti, diretor-geral da E-bit.

    Ele afirma que não se trata exatamente de um problema de estrutura das empresas. "Por mais que você invista, é caro ter uma estrutura que aguente um acessos simultâneos que podem ser dez vezes maiores que o normal."

    Neste ano, os sites decidiram começar as promoções mais cedo, influenciando o comportamento do consumidor. A consultoria indica que as vendas da quinta-feira tiveram alta de 53% na comparação com o dia anterior da Black Friday em 2013.

    Em contrapartida, também há indicações de que os consumidores postergaram as compras neste mês. Nas últimas duas semanas, caíram as vendas de bens como eletrônicos, eletrodomésticos e computadores, o que, para Guasti, indica que as pessoas estavam esperando pelo evento para comprá-los

    OUTRO LADO

    A Cnova, empresa formada pela união da Nova Pontocom (responsável pelos sites Extra.com.br, CasasBahia.com.br, Pontofrio.com, Barateiro.com.br) e Cdiscount (Cdiscount.com.br), informou que não foram apresentados problemas técnicos em seus sites.

    Por causa da instabilidade no site durante a madrugada, a Netshoes decidiu estender as ofertas até este sábado (29).

    A B2W (Submarino e Americanas.com) e a Saraiva não comentaram as queixas registradas pelo portal e Procon São Paulo.

    O KabuM! afirmou que as dificuldades de acesso registradas foram resolvidas.

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