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    Controle rígido de processos é desafio para atender a baixa renda

    FILIPE OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    01/12/2014 02h00

    Da chegada de um paciente a uma das clínicas da rede Dr. Consulta à conversa com a enfermeira para recomendações finais, gastam-se em média 58 minutos. O tempo é monitorado diariamente.

    Segundo Thomaz Srougi, 38, sócio-fundador da companhia, que faz atendimentos a preços populares (uma consulta com cardiologista custa R$ 80), o modelo de negócios só funciona devido a controles rígidos de processos e custos como esse.

    "Além de trabalharmos com saúde, somos uma empresa de engenharia de processos e de tecnologia. Não usamos papel, todos os sistemas são informatizados para termos mais dados."

    Essa busca por um controle gerencial rígido, que permita oferecer um serviço de qualidade mantendo um bom preço, é o maior desafio das empresas que buscam oportunidades oferecendo produtos e serviços para as classes C, D e E, diz Renato Kiyama, diretor da aceleradora de negócios Artemisia (que auxilia empresas que atuam com o público de baixa renda).

    Luciano Amarante/Folhapress
    Thomaz Srougi, 38, é sócio- fundador da rede Dr. Consulta
    Thomaz Srougi, 38, é sócio-fundador da rede Dr. Consulta

    "Para tornar o negócio viável, o empresário terá de conseguir atender milhares de pessoas, com um produto que seja padronizado sem perder a qualidade. É preciso saber exatamente quanto R$ 1 investido vai dar de retorno."

    O mercado a ser explorado é grande: As classes C, D e E consomem R$ 1,3 trilhão por ano, segundo o Data Popular, instituto de pesquisas especializado na baixa renda.

    Em 2012, havia 97 milhões de pessoas com renda familiar per capita entre R$ 292 e R$ 1.200, de acordo com a Pnad, do IBGE.

    Para descobrir onde as oportunidades estão, o ideal é olhar para onde a população dessas classes é mal atendida ou depende de "gambiarras" (serviços informais ou feitos por conta própria), diz Kiyama.

    BANCO DOS SEM-BANCO

    A PagPop, que fornece máquinas para leitura de cartões de crédito em celulares, e a Acesso, de cartões pré-pagos, uniram-se para aproveitar uma carência dessas.

    Marcio Campos, 39, sócio da PagPop, diz que 30% dos empreendedores que usam seus equipamentos não têm conta bancária própria, por estarem na informalidade ou inadimplentes.

    Karime Xavier/Folhapress
    Bernardo Faria, 43, da empresa de cartões pré-pagos Acesso, que criou sistema para empreendedores que não têm banco
    Bernardo Faria, 43, da Acesso, que criou sistema para empreendedores que não têm banco

    Como alternativa, as empresas criaram um cartão pré-pago que armazena os pagamentos recebidos nas maquininhas. A ideia é criar uma espécie de "banco dos não bancarizados", diz Bernardo Faria, 43, diretor da Acesso.

    Outra complexidade de atuar no segmento da baixa renda é conquistar credibilidade dos clientes e dar volume para os negócios da empresa, muitas vezes em bairros periféricos, diz Luciana Aguiar, diretora da consultoria Plano CDE.

    VIAGEM

    A empresa mineira Encontre Sua Viagem, de compra de viagens pela web, apostou no modelo de microfranquias para vencer essas barreiras.

    A rede tem 450 empreendedores que pagam de R$ 3.000 a R$ 20 mil para poder vender os pacotes oferecidos pela companhia, diz o sócio Henrique Mol, 29.

    "O franqueado divulga as viagens em seu círculo de amizade. Com essa rede, conseguimos uma capilaridade muito maior."

    A empresa permite parcelamento em até 12 vezes. Mol diz que a inadimplência é de cerca de 3%.

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