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    Tesouro deve voltar a socorrer distribuidoras de energia elétrica

    JULIA BORBA
    DE BRASÍLIA

    04/12/2014 02h00

    O Tesouro Nacional pode voltar a socorrer as distribuidoras de energia neste ano com um aporte aporte bilionário. Empresas dos setor estimam que chegarão ao final do ano com um rombo de aproximadamente R$ 3 bilhões, buraco que pode ter de ser coberto pelo governo por total falta de alternativas.

    Apesar de ser ainda possível solicitar um novo empréstimo bancário para as empresas, a operação está praticamente descartada.

    O entendimento é de que os bancos não teriam interesse no negócio ou cobrariam muito caro por ele.

    Só neste ano as distribuidoras já tomaram empréstimos de R$ 17,8 bilhões. Uma nova operação, portanto, é vista como mais arriscada e menos atrativa no mercado financeiro.

    Já um novo aporte do Tesouro não era considerado como opção viável até muito recentemente, pela total falta de recursos em caixa.

    Douglas Cometti - 15.dez.2008/Folhapress
    Funcionário da Elektro Distribuidora faz manutenção emposte em Ilha Comprida (SP)
    Funcionário da Elektro Distribuidora faz manutenção em poste em Ilha Comprida (SP)

    No entanto, a opção voltou a ser estudada com o projeto do governo que altera a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) de 2014 e, na prática, desobriga o governo de cumprir sua meta de superavit primário do ano. A proposta, porém, ainda enfrenta obstáculos para ser aprovada.

    Sem a obrigação, o novo gasto poderia ser absorvido pela conta do Tesouro.

    A estruturação da medida ainda será aprofundada em reuniões do Tesouro Nacional na próxima semana. A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) participará da elaboração desta solução.

    A Folha apurou ainda que, deixado de lado no debate, o Ministério de Minas e Energia deverá ocupar um papel de coadjuvante, em função das negociações para a troca do ministro no novo mandato da presidente Dilma Rousseff.

    BOLA DE NEVE

    Responsáveis pelo atendimento direto ao consumidor, as distribuidoras pedem socorro ao governo desde o início do ano por não disporem de caixa suficiente para fazer frente aos novos gastos.

    Uma das explicações para o aumento extraordinário nas contas dessas empresas está na forte seca, que afetou o setor fazendo disparar o preço da energia.

    Além disso, há um descasamento –não resolvido– entre a quantidade de energia que essas empresas dispunham e a quantidade real consumida por seus clientes mensalmente.

    Em outras palavras, se essas elétricas não recorressem ao mercado de curto prazo e comprassem eletricidade mais cara, seus consumidores simplesmente deixariam de ser atendidos.

    No início do ano, o Tesouro já fez um aporte emergencial de R$ 1,2 bilhão para que as empresas conseguissem pagar os gastos referentes ao mês de janeiro.

    Em seguida, o governo criou um instrumento legal para que a ajuda pudesse vir por meio de empréstimos bancários.

    A primeira operação conseguiu levantar R$ 11,2 bilhões. O valor deveria cobrir as despesas até o fim do ano, mas durou apenas três meses (fevereiro, março e abril).

    Um segundo empréstimo foi tomado, também pretendendo resolver as pendências do ano: mais R$ 6,6 bilhões.

    O dinheiro acabou neste mês, com o pagamento das contas de outubro. Cerca de R$ 260 milhões ainda tiveram de ser absorvidos pelas distribuidoras.

    Agora, a situação voltou a ser crítica.

    As próximas contas do setor vencerão no início de janeiro e início de fevereiro. Elas correspondem aos gastos feitos em novembro e dezembro. Somados, resultam em uma dívida estimada em R$ 3 bilhões.

    Todos os empréstimos bancários serão repassados às tarifas entre 2015 e 2017. Teoricamente, os aportes do Tesouro também entrarão nas contas de luz, mas essa decisão cabe ainda ao governo.

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