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    Após Moody's, Petrobras cede 4% e Bolsa volta a ficar negativa no ano

    DE SÃO PAULO

    04/12/2014 17h37

    O principal índice da Bolsa brasileira fechou em queda nesta quinta-feira (4) e voltou a ter desempenho negativo no ano, pressionado pela forte desvalorização das ações da Petrobras, após a agência de classificação de risco Moody's ter rebaixado o rating individual da estatal, medido pelo critério BCA (Baseline Credit Assessment), de Baa3 para Ba1.

    Essa nota não é a avaliação global de emissor da companhia, principal referência para o mercado, mas representa o risco de gestão da empresa desconsiderando o suporte de seu maior acionista, o governo brasileiro, segundo a agência. O rating (nota) global de emissor da Petrobras foi mantido em Baa2, com perspectiva negativa.

    A Moody's atribuiu sua decisão ao crescente risco de liquidez, devido às investigações sobre alegações de corrupção dentro da Petrobras. Nesta semana, a Fitch, outra agência de risco, já havia alertado que as alegações de escândalos de corrupção na estatal podem afetar a qualidade de crédito da companhia, uma vez que ameaçam o aumento da produção e o acesso a mercados de capitais de dívida.

    Editoria de Arte/Folhapress

    O Ibovespa caiu 1,71%, para 51.426 pontos. O volume financeiro foi de R$ 5,451 bilhões. Com isso, o índice passou a ter desempenho negativo no acumulado do ano, com ligeiro recuo de 0,16%.

    As ações preferenciais (sem direito a voto) da Petrobras tiveram desvalorização de 3,93% nesta quinta, para R$ 12,23 cada uma. Elas chegaram a cair até 4,4% ao longo do dia. Já os papéis ordinários da empresa (com direito a voto) recuaram 4,75%, para R$ 11,43.

    "O que os investidores [de Petrobras] estão olhando é que o rebaixamento individual da companhia pode ser sinalização de um possível 'downgrade' do rating de crédito global. Isso pesa bastante, pois a perspectiva está negativa", diz o analista Ricardo Kim, da XP Investimentos.

    Segundo Kim, já se esperava algum movimento por parte das agências de classificação de risco em relação à Petrobras. "Na Moody's, estamos dois níveis acima do grau especulativo, por isso ninguém ainda precifica a perda do grau de investimento", afirma o analista.

    editoria de arte/folhapress

    Henrique Florentino, analista da UM Investimentos, lembra que a queda das ações da Petrobras é decorrente de uma forte alta anterior motivada pela possibilidade de alternância de poder no governo. "Eu não estou otimista com a ação da Petrobras no curto prazo. Não acho que tem espaço macroeconômico para isso, embora a empresa possa ser beneficiada futuramente com mais reajuste do combustível", diz.

    Para Florentino, o pequeno investidor de Petrobras tem que ponderar se, no curto prazo, o cenário para a empresa vai melhorar ou piorar. "Se ele acha que vai piorar, tem razões para vender o papel e depois voltar, mesmo que a ação esteja em outro patamar de preço. Por outro lado, outros investidores podem ser atraídos para o papel, por considerarem que ele está barato."

    Na avaliação de Alexandre Wolwacz, diretor da Escola de Investimentos Leandro & Stormer, ficar posicionado em Petrobras, neste momento, é um péssimo negócio.

    "Para o pequeno investidor, o mais sábio a fazer é esperar um repique [alta de curto prazo] das ações de Petrobras para vendê-las", diz.

    FGTS

    Quem comprou ações da Petrobras com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) deve avaliar como vai agir diante da queda dos papéis, diz o especialista em finanças pessoais Mauro Calil.

    Se a pessoa vai se aposentar em mais de cinco anos, a recomendação é manter a parte do fundo de garantia que foi aplicada no fundo de ações.

    Se, no entanto, vai se aposentar em menos de um ano, deve pedir para sair do fundo de ações –nesse caso, o dinheiro volta para o FGTS.

    AGENDA

    Os principais mercados de ações no exterior fecharam em queda e ajudaram a pressionar o Ibovespa. Lá fora, a principal referência foram as declarações do presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, dizendo que vai decidir no início de 2015 se mais medidas serão necessárias para estimular a economia da zona do euro.

    Os investidores também repercutiram nesta quinta a decisão do Banco Central, na noite da véspera, de aumentar o juro básico da economia, a Selic. A taxa subiu 0,5 ponto percentual, para 11,75% ao ano. A decisão já era esperada por parte do mercado, embora alguns economistas enxergassem a chance de um aperto mais significativo, de 0,75 ponto percentual.

    Ainda esteve no radar do mercado a aprovação no Congresso do texto principal do projeto que viabiliza a manobra fiscal que permite ao governo fechar as contas deste ano. A votação, no entanto, não foi concluída.

    PAPÉIS

    As ações preferenciais da Vale caíram 1,65%, para R$ 18,50. A mineradora teve sua recomendação cortada pelo Bank of America Merrill Lynch de compra para neutra. A BRF também teve sua recomendação cortada, de compra para neutra, pelo Goldman Sachs. As ações da empresa de alimentos cederam 2,46%, para R$ 63,40 cada uma.

    Entre os bancos, segmento com maior peso dentro do Ibovespa, tiveram queda Itaú Unibanco (-1,49%), Santander Brasil (-2,55%) e o papel preferencial do Bradesco (-2,14%). Já o Banco do Brasil mostrou desvalorização de 1,33%, para R$ 26,64.

    Das 70 ações que compõem o Ibovespa, apenas seis não registraram perda: Gol (+2,39%), a ação preferencial da Usiminas (+1,43%), Even (+1,06%), Suzano (+0,56%), Embraer (+0,44%) e Natura (+0,15%).

    CÂMBIO

    No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve valorização de 1,28% sobre o real, cotado em R$ 2,586 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, subiu 1,29%, para R$ 2,590.

    Segundo operadores, a alta do dólar aconteceu após o Banco Central sinalizar em seu comunicado na véspera que pode desacelerar o ritmo do aperto monetário, enfraquecendo as expectativas de que juros mais altos no Brasil poderiam atrair mais recursos externos e, consequentemente, reduzir a pressão sobre o preço da moeda americana.

    O Banco Central deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, por meio do leilão de 4.000 contratos de swap cambial (operação que equivale a uma venda futura de dólares), pelo total de US$ 197,9 milhões.

    A autoridade também promoveu um novo leilão para rolar os vencimentos de 10 mil contratos de swap previstos para 2 de janeiro de 2015, por US$ 489,6 milhões. Até o momento, o BC já rolou cerca de 20% do lote total com prazo para o segundo dia do mês que vem, que equivale a US$ 9,827 bilhões.

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