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    Taxa de juros do BNDES deve subir para 8,2% em 2016, prevê Itaú

    MARIANA CARNEIRO
    DE SÃO PAULO

    09/12/2014 18h43

    Com o aumento esperado da taxa de juros do BNDES, o Itaú Unibanco -maior banco privado do país-prevê que deve começar o processo de encolhimento do papel do banco estatal na economia.

    Conforme noticiou a Folha, o governo já avisou a empresários que deve elevar a taxa do BNDES na próxima semana. O Itaú prevê que a TJLP (taxa de juros de longo prazo), hoje em 5% ao ano, chegue em 6,6% ao fim de 2015 e em 8,2% em 2016.

    Segundo Cândido Bracher, presidente do Itaú BBA -braço que administra os investimentos de grandes empresas e fundos de pensão- o aumento da taxa contribui para o enxugamento progressivo do banco estatal. O BNDES responde hoje por cerca de 20% dos empréstimos.

    Para reduzir o tamanho do BNDES, o governo já avisou que deve reduzir os repasses de recursos do Tesouro Nacional para viabilizar os empréstimos. O aumento da taxa vai na mesma direção, disse Bracher.

    "Naturalmente, ao atuar sobre os custos [do empréstimo] você facilita a absorção da mudança na economia", afirmou o executivo, nesta terça (9), em evento com jornalistas.

    Bracher afirmou que o acesso a recursos mais vantajosos do BNDES, que oferece empréstimos a uma taxa mais baixa do que o piso do mercado, a Selic, criou uma "dependência" entre os tomadores.

    "A dependência do BNDES, pelos recursos tão privilegiados que ele tem, causa uma dependência e para reduzi-la é preciso eliminá-la aos poucos", afirmou.

    O Itaú BBA concorre com o BNDES na oferta de recursos para investimentos. O principal canal de atuação das instituições privadas é o estímulo ao lançamento de ações no mercado financeiro. A comissão recebida pelos bancos de investimento com essas operações caiu praticamente à metade entre 2010 e 2014 na América Latina. O Brasil liderou este movimento.

    O problema é que a redução do BNDES pode agravar a atual desaceleração da economia, cujo crescimento está perto de zero neste ano.

    PARADEIRA

    Um fator que já afeta a economia são as investigações de corrupção na Petrobras.

    Segundo Bracher, o escândalo está provocando uma "paradeira" no mercado.

    "[Os escândalos de corrupção] parecem estar provocando uma certa paradeira no mercado, um cuidado maior dos agentes em assumir novos compromissos, assinar novos contratos e fazer novos projetos. A redução da atividade é inegável".

    A previsão do Itaú é que o PIB deve crescer 0,8% em 2015. Os investimentos ficarão em zero. Mas ainda não estão na conta os impactos de uma possível moderação dos investimentos, a reboque dos escândalos na estatal.

    "É difícil colocar na conta. É um situação que está longe de estar clara", afirmou Bracher. "A Petrobras é 'macroeconômica', é uma empresa tão grande que tem efeitos na economia como um todo".

    Bracher relatou que os projetos da empresa que o banco acompanha têm mostrado um desempenho positivo, com extração de petróleo a custos menores do que o estimado nos projetos.

    Assim, no médio e longo prazos, diz o executivo, a Petrobras apresenta condições positivas. "De imediato, é mais complicado, há uma tendência das coisas andarem bem mais devagar e pode haver uma volatilidade".

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