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    Processos não devem afetar imagem da Petrobras nos EUA, diz professor

    GIULIANA VALLONE
    DE NOVA YORK

    14/12/2014 02h00

    Ações coletivas de investidores contra empresas são bastante comuns nos Estados Unidos. Por isso, o processo enfrentado pela Petrobras não deve prejudicar ainda mais a imagem da empresa no país, segundo o professor de direito da Universidade Columbia, em Nova York, James Fanto.

    "Há toda uma indústria de advogados baseada nessas ações nos Estados Unidos", disse o especialista, em entrevista à Folha.

    Desde o anúncio da primeira ação contra a empresa brasileira no país, protocolada pelo escritório Wolf Popper, na segunda-feira (8), outros seis escritórios de advocacia entraram na corrida para serem os responsáveis por conduzir o processo.

    "É tudo sobre o dinheiro", afirma Fanto. "Esse tipo de ação vem no pacote ao entrar no mercado americano." Leia a seguir a íntegra da entrevista com Fanto.

    *

    Folha - Essas ações coletivas são frequentes aqui nos Estados Unidos?

    James Fanto - Há toda uma indústria de advogados baseada nesse tipo de ação. E é muito comum que grandes empresas sejam alvo delas. Praticamente todas as vezes em que há qualquer tipo de má notícia sobre uma companhia e o preço da ação cai, há uma ação coletiva.

    Você acha que os advogados tentam tirar vantagem?

    Ah, claro. Nesses casos, são milhões de acionistas, então a recuperação potencial nesses processos está na casa dos milhões, às vezes bilhões de dólares. E os advogados ficam com 20%, às vezes 30% disso.

    Como os investidores devem fazer para ganhar?

    A informação ocultada pela empresa tem de ser significativa e os investidores precisam provar que foi escondida intencionalmente. E você também tem que provar que isso teve um efeito no preço das ações, mas essa parte é mais fácil de fazer. De forma geral, essas ações surgem com facilidade, mas não são ganhas com facilidade.

    No caso da Petrobras, o investidor que entrou com a ação só possuía mil ADRs da companhia e as comprou bem depois do início dos escândalos. E agora há vários escritórios de advocacia lutando para quem fica com ela.

    Isso é típico. Os advogados costumavam ter pessoas que tinham cem ações de qualquer companhia negociada nos EUA. Então, no minuto em que algo ruim acontecia, eles pegavam essas pessoas e entravam com uma ação coletiva. Para coibir abusos, a lei foi mudada e agora permitem que o queixoso com o maior número de ações, a maior perda, possa assumir a ação e escolher o advogado.

    Há muitos escritórios nesse mercado, alguns são sérios, outros, não. Mas, mesmo quando eles percebem que não vão ficar com o caso, eles tentam conseguir uma fatia, fazer um acordo. É tudo sobre o dinheiro.

    Como você acha que essa ação pode afetar a imagem da Petrobras nos EUA?

    É uma coisa tão comum aqui que eu não acho que vá afetar a imagem da companhia. O que afeta são problemas na estrutura financeira da empresa ou com corrupção ou gerenciamento.

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