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    Leilão de fazenda mais valiosa da Boi Gordo termina sem comprador

    CLAUDIA ROLLI
    DE SÃO PAULO

    15/12/2014 20h04

    Terminou sem sucesso o leilão da maior e mais valiosa propriedade da massa falida da Boi Gordo, a fazenda Realeza do Guaporé I e II, situada em Comodoro (MT), cujo tamanho é próximo à área urbana da cidade de São Paulo.

    Segundo o advogado Gustavo Sauer, síndico da massa falida, o leilão deve ser retomado somente no primeiro trimestre do ano que vem e pode passar por reformulações.

    A fazenda estava avaliada em R$ 395 milhões e foi divida em nove blocos por uma empresa especializada em serviços de geotecnologia e inteligência em agronegócios.

    O objetivo foi subdividir a área, de 134 mil hectares, de acordo com a sua vocação: produção de grãos, exploração de pecuária e área de mata para a compensação de reserva ambiental.

    Reprodução
    Imagem da fazenda da Boi Gordo, em Comodoro (MT), que foi à leilão nesta segunda-feira
    Imagem da fazenda da Boi Gordo, em Comodoro (MT), que foi à leilão nesta segunda-feira (15)

    De acordo com o síndico, a situação de deterioração da economia, as incertezas políticas quanto ao rumo do Ministério da Agricultura e o fato de parte das áreas estarem ocupadas irregularmente podem ter dificultado a venda.

    Ele também mencionou que o leilão ocorreu no mesmo dia em que manifestantes ligados a movimentos dos sem-terra e contrários à indicação da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) para o ministério invadiram a sede da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), em Brasília.

    O valor da fazenda Realeza do Guaporé I e II (R$ 395 milhões) corresponde a pouco mais que o dobro do que está no caixa da massa falida para pagar credores lesados e passivos trabalhistas e fiscais. "São R$ 190 milhões com a venda de propriedades e com a renda de arrendamentos. Esse montante é suficiente para quitar os créditos trabalhistas e os tributários", diz Sauer.

    Os 155 ex-funcionários que se inscreveram na falência devem começar a receber nesta semana os seus direitos. São cerca de R$ 70 milhões no total, e o maior montante (cerca de R$ 4,4 milhões) será pago a um ex-diretor.

    Editoria de Arte/Folhapress

    ENTENDA O CASO

    Aberta em 1988, a Boi Gordo pediu concordata 13 anos depois. O investidor aplicava em animais e receberia após 18 meses o lucro da venda do boi engordado.

    A promessa era 42% de rendimento via certificados de investimentos, muito superior a outras aplicações que existiam na época, o que atraiu cerca de 30 mil investidores.

    A lista de lesados inclui atores, atletas e até políticos. O dinheiro foi aos poucos desviado para outros negócios e a empresa passou a funcionar com um esquema de pirâmide: pagava contratos vencidos com recursos de novos investidores.

    Quando os saques superaram os investimentos, a pirâmide ruiu. A Boi Gordo pediu concordata em 2001 e teve a falência decretada em 2004, com passivo de cerca de R$ 2,5 bilhões em valores da época. Hoje, estima-se que os valores atualizados chegariam a R$ 4 bilhões.

    Folhainvest

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