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    Mercado paga um terço do que a Petrobras vale, diz Economatica

    DE SÃO PAULO

    16/12/2014 13h17

    O mercado está pagando aproximadamente um terço do que a Petrobras vale, mostra estudo da Economatica divulgado nesta terça-feira (16). Segundo a consultoria, que tomou como base dados da última segunda-feira (15), o valor de mercado da estatal equivalia a 31,84% do patrimônio líquido da empresa, a menor relação desde 1º de janeiro de 1996, quando era de 31,83%.

    O estudo considera o valor nominal (ou seja, sem descontar a inflação no período) da empresa. O valor de mercado resulta da multiplicação do preço de cada ação pela quantidade de papéis da companhia na Bolsa.

    Para fazer o cálculo, a Economatica considerou os dados de patrimônio líquido do segundo trimestre do ano, pois a empresa ainda não divulgou seu balanço auditado com os dados do terceiro trimestre.

    Esse indicador é um dos utilizados para avaliar o preço de uma ação.

    De acordo com a consultoria, o valor de mercado em 15 de dezembro era de R$ 114,8 bilhões, o menor valor desde 23 de maio de 2005, quando a empresa valia R$ 113,83 bilhões. Já o patrimônio líquido da empresa na segunda-feira era de R$ 360,7 bilhões.

    editoria de Arte/editoria de Arte/Folhapress

    Na segunda-feira da semana passada (8), a Petrobras teve seu valor de mercado superado pelo Bradesco.

    Depois de atingirem seu maior preço neste ano em 2 de setembro, em meio a uma disputa acirrada pela Presidência da República, as ações da Petrobras despencaram mais de 60% nos últimos três meses.

    As ações mais negociadas da empresa (preferenciais, sem direito a voto) fecharam em R$ 9,18 na segunda-feira, ante R$ 24,56 em 2 de setembro. E as ordinárias (com direito a voto, que tem a União como principal detentora), terminaram em R$ 8,52, ante R$ 23,29 no mesmo dia.

    As oscilações de valor dos papéis da Petrobras no ano foram motivadas pela disputa eleitoral: quando pesquisa de intenção de voto mostrava a presidente Dilma Rousseff (PT) à frente, o mercado reagia vendendo ações, principalmente de estatais.

    Além da insatisfação do mercado com o controle dos preços dos combustíveis pelo governo para não prejudicar a inflação no país, a Petrobras enfrenta denúncias de envolvimento em esquemas de corrupção.

    O PREÇO DA CORRUPÇÃO

    A Petrobras reconheceu ao mercado que não conseguiria divulgar o balanço do terceiro trimestre no prazo exigido pela legislação no dia 13 de novembro.

    A empresa admitiu, na época, que precisaria rever o valor contábil de seus ativos e descontar deles os valores atribuídos ao pagamento de corrupção.

    Em outubro, uma semana depois de o ex-diretor da Petrobras e delator da Lava Jato, Paulo Roberto Costa, ter dado detalhes do funcionamento do suposto esquema de desvio de propinas, a PwC alertou a Petrobras de que era "absolutamente necessário" aprofundar as investigações e indicou que não seria possível dar o parecer às contas do terceiro trimestre, conforme exigido pela legislação.

    Depois disso, a Petrobras contratou dois escritórios, no Brasil e nos Estados Unidos, para aprofundar as investigações. A Petrobras tem ações negociadas na NYSE, a Bolsa de Valores de Nova York.

    As denúncias já levaram investidores americanos a entrar com pelo menos seis ações contra a empresa, pedindo ressarcimento de perdas no valor dos papéis.

    Na última sexta-feira, a Petrobras adiou mais uma vez a divulgação dos dados do terceiro trimestre, sem marcar uma nova data para apresentar o resultado. A empresa citou cinco motivos, entre eles as denúncias de corrupção nas quais está envolvida, para justificar o adiamento.

    INVESTIDOR

    O pequeno investidor com ações da Petrobras deve avaliar o cenário antes de tomar uma decisão, recomendam especialistas.

    Para Alexandre Wolwacz, diretor da Escola de Investimentos Leandro & Stormer, o ideal é vender os papéis.

    "A Petrobras tem, infelizmente, cada vez menos chance de se recuperar", diz. Uma opção ao investidor, diz, seria esperar o papel subir um pouco por três ou quatro dias. "Então ele vende, reduzindo seu prejuízo."

    Para Eduardo Velho, economista-chefe da gestora INVX Global Partners, quem possui papéis da empresa pode ter que aceitar o prejuízo. "Você tem uma taxa de juros da economia muito atrativa, enquanto ele está perdendo dinheiro com a estatal. Seria melhor aplicar na renda fixa", diz.

    No entanto, vale ressaltar que a Bolsa é investimento de longo prazo. Isso significa que as ações podem se recuperar em algum momento. Por isso, antes de comprar uma ação, é importante se informar sobre a perspectiva envolvendo a empresa no curto e médio prazos.

    Folhainvest

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