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    Com minério em baixa, Vale coloca navios à venda e espera US$ 2 bi

    PEDRO SOARES
    DO RIO

    16/12/2014 16h04

    Num momento de baixo preço do minério de ferro e sem perspectivas de recuperação no curto prazo, a Vale manterá, em 2015, sua estratégia de vender ativos para fazer caixa.

    A mineradora busca agora compradores para 15 supernavios cargueiros de sua propriedade e espera levantar de US$ 1,5 bilhão a US$ 2 bilhões (entre R$ 4 bilhões e R$ 5,4 bilhões).

    Para Murilo Ferreira, presidente da Vale, o "cenário internacional é muito preocupante" com a freada do crescimento da China –que não deve ficar em torno de 7% neste ano–, estagnação na Europa e recessão no Japão.

    Nesse ambiente de demanda fraca e com o excesso de produção de minério de ferro no mundo, a Vale não se vislumbra uma melhora substancial dos preços do minério de ferro.

    Ao final de 2013, a cotação do principal produto da Vale e dos mais importantes itens das exportações brasileiras estava em US$ 135 a tonelada. Neste mês, está em torno de US$ 70 a tonelada.

    Paulo Whitaker/Reuters
    Vista do navio Vale Beijing no porto de Ponta da Madeira, em São Luís, no Maranhão
    Vista do navio Vale Beijing no porto de Ponta da Madeira, em São Luís, no Maranhão

    'DESAFIADORES'

    Ferreira disse que 2015 e 2016 serão anos "desafiadores" para a Vale, pois não se espera preços elevados e a empresa estará numa fase de pesados investimentos para colocar em operação daqui a dois anos a nova mina de Carajás.

    Por isso, a Vale procura compradores para seus navios, batizados de Valemax, e busca ainda um sócio para uma fatia de seus investimentos em fertilizantes. O objetivo é vender as embarcações e alugá-las do comprador por um longo período. Neste ano, a Vale fez essa operação com quatro navios, arrendados por 25 anos.

    Os supercargueiros fazem parte da estratégia da Vale de transportar uma quantidade maior de minério de ferro –cada navio tem capacidade para 400 mil toneladas– para a China e, assim, baratear o custo do frete e poder competir com as mineradoras australianas, geograficamente mais próximas do mercado chinês.

    Em seu programa de venda de ativos, a Vale conseguiu US$ 6 bilhões em 2013. Neste ano, trouxe para seu caixa algo em torno de US$ 5,5 bilhões. A maior operação foi a venda de participações numa mina de carvão e numa ferrovia em Moçambique para a japonesa Mitisui, no valor de US$ 3,7 bilhões.

    MINÉRIO DE SOBRA

    Para Peter Poppinga, diretor de Ferrosos da Vale, há uma produção maior de minério de ferro do que a demanda, situação que se manterá no próximo ano. Ainda assim, o executivo acredita que o mercado jogou os preços muito para baixo e deve haver uma recuperação no próximo ano. "Só não sabemos de quanto."

    Apenas em 2016, porém, é que o consumo e a oferta de minério estarão equilibrados –o que, em tese, abre espaço para uma melhora mais firme dos preços.

    CÂMBIO

    Segundo Murilo Ferreira, a desvalorização do real frente ao dólar "beneficia" a companhia. Isso porque a empresa tem a maior parte dos seus custos em reais por produzir no Brasil e receberá mais por suas exportações, cotadas na moeda americana.

    Para o executivo, porém, a Vale e a indústria como um todo tem de ser competitiva e buscar baixos custos, sem se fixar no patamar da taxa de câmbio. "Não podemos ficar presos a essa armadilha."

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