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    Não há segurança de que balanço trará baixas de corrupção, afirma Graça

    SAMANTHA LIMA
    DO RIO

    17/12/2014 13h01

    A presidente da Petrobras, Graça Foster, disse nesta quarta-feira (17) que não há "a menor segurança" de que o balanço contábil da empresa do terceiro trimestre, atrasado desde 14 de novembro, trará todos os descontos que devem ser feitos nos ativos que possam ser atribuídos ao esquema de corrupção investigado na empresa.

    A executiva deu a entender que levará anos até que se expurguem todos os valores que possam ter inflado o patrimônio resultante de pagamento de propinas.

    "Não há a menor segurança de que, em 45 dias, 90 dias, 180 dias, 360 dias, 700 dias, que virão todas as informações nessa amplitude. Nós vamos acompanhar todos os depoimentos da delação premiada. Estamos ansiosos pela delação do Barusco [Pedro Barusco, ex-gerente executivo que assinou delação premiada e topou devolver US$ 97 milhões desviados]. Então, nós estamos trabalhando, aprofundando para que a gente
    possa fazer a real avaliação do valor do ativo."

    A Petrobras vem trabalhando com a data de 30 de janeiro para apresentar um balanço ainda não auditado. Não há previsão de quando haverá essa auditoria, a ser feita pela PwC, porque depende do quanto a Petrobras conseguirá baixar os ativos e da forma como encontrará para fazê-lo.

    'DÁ PARA AGUENTAR 2015'

    Graça disse que, apesar da queda no preço do barril de petróleo, que saiu da faixa de US$ 110 para US$ 65, e do escândalo, "dá para aguentar bem 2015".

    "No conjunto, dá para aguentar bem 2015. Negociamos demais os contratos. Acredito 2015 com muita determinação. Acredito na diretoria de Compliance [diretoria recém criada que vai analisar o cumprimento das normas de todos os processos na empresa, para evitar corrupção] com muita determinação".

    Disse, ainda, que se sente confortável com as finanças porque, com a produção crescendo, a redução no ritmo de investimento e o corte em despesas operacionais, o caixa da empresa está preparado para passar o ano
    sem necessidade de fazer captação.

    Graça disse que a Petrobras investirá um valor "um pouco menos" do que o aplicado este ano, quando a previsão era de desembolsos de US$ 44 bilhões.

    PRÉ-SAL VIÁVEL

    O diretor de Exploração e Produção, José Formigli, disse que, apesar da queda no preço do barril, os projetos no pré-sal ainda são viáveis.

    "Claro que a margem diminuiu mas ela [a produção no pré-sal] continua possível. O custo é de US$ 50 já considerando a infraestrutura. Quando olhamos para qualquer empresa do mundo, os fundamentos da demanda mundial e oferta, vemos a recuperação desse preço".

    BALANÇO ADIADO

    Sob o argumento de ocorrência de "novos fatos", em especial relacionados às denúncias reveladas na Operação Lava Lato, a Petrobras adiou de novo na sexta-feira (12) a divulgação de suas demonstrações financeiras do terceiro trimestre.

    A empresa informara que apresentaria o balanço sem o aval dos auditores independentes.

    O prazo para a apresentação das contas auditadas acabou em 14 de novembro, segundo as leis que regulam as empresas de capital aberto.

    A Petrobras não conseguiu cumprir o prazo legal porque a PwC (PricewaterhouseCoopers), sua auditoria externa, recusou-se a assinar as demonstrações, depois das denúncias de corrupção reveladas pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa à Justiça envolvendo gestores da empresa.

    Para receber de novo o aval da PwC, a empresa está sendo obrigada a dar baixa de valores acrescentados a seus ativos atribuídos a pagamento de propina. Mas ainda não há data para que as contas auditadas sejam apresentadas.

    A divulgação sem aval de auditoria atenderia à exigência de alguns contratos com credores, o que tinha como prazo o dia 30. Caso não conseguisse, vencimentos de dívidas seriam antecipados. Foi negociada com credores nova data como limite para essa apresentação –31 de janeiro.

    Já as demonstrações auditadas devem ser apresentadas até novembro de 2015.

    INFORMAÇÕES DIVULGADAS

    A companhia divulgou na sexta-feira só algumas informações, sem revelar lucro e geração de caixa, que medem sua saúde financeira. A receita de vendas cresceu 7%, de R$ 82,3 bilhões no segundo trimestre, para R$ 88,4 bilhões no terceiro. Em nove meses, o avanço foi de 9%, de R$ 223,8 bilhões para R$ 252,2 bilhões.

    O crescimento, diz a empresa, foi resultado de maior exportação de petróleo e do aumento na demanda por derivados, no mercado interno. Entre julho e setembro, o preço do petróleo caiu quase 14%, de US$ 110 para US$ 95.

    Ponto de preocupação do mercado, a dívida cresceu 8% em três meses, de R$ 241,3 bilhões para R$ 261,4 bilhões.

    A Petrobras citou, como determinantes do adiamento, a denúncia do Ministério Público Federal contra 36 pessoas supostamente envolvidas no escândalo, a citação da empresa em ação coletiva, movida por minoritários nos EUA, e os depoimentos de ex-dirigentes da Toyo Setal em delação premiada.

    A empresa também alegou o fato de ter recebido notificação sobre investigação em andamento na SEC (órgão regulador do mercado de capitais americano).

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