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    Abilio Diniz negocia a compra de até 15% do Carrefour no Brasil

    DE SÃO PAULO

    18/12/2014 02h00

    Antigo dono do Grupo Pão de Açúcar, o empresário Abilio Diniz está negociando a compra de uma participação na filial brasileira do francês Carrefour.

    A participação pode chegar a até 15%, dependendo da avaliação em curso da unidade brasileira da varejista.

    O negócio, se concretizado, representa o retorno do empresário ao varejo brasileiro. Abilio vendeu o Pão de Açúcar ao francês Casino, rival histórico do Carrefour, em 2005, mas só passou o comando em julho de 2012 e saiu do conselho de administração no ano passado.

    Eduardo Knapp/Folhapress
    Abilio Diniz em seu escritório em São Paulo; empresário negocia aquisição de parte das operações do Carrefour no país
    Abilio Diniz em seu escritório em São Paulo; empresário negocia aquisição de parte das operações do Carrefour no país

    As conversas, que estão em estágio avançado, ocorrem diretamente com os principais acionistas da matriz francesa do Carrefour. O assunto foi discutido pelo conselho do Carrefour na última semana.

    Além da avaliação da filial brasileira, o empresário discute um acordo para poder administrar os negócios do grupo no Brasil.

    Não está descartada a compra também da rede Atacadão, unidade de atacado de autosserviço do Carrefour brasileiro, e da filial argentina do grupo francês.

    Para o Carrefour, além de uma injeção de ânimo para a filial brasileira, a entrada de Abilio é uma alternativa à proposta de abertura de capital na Bolsa. Desde o ano passado, a varejista estuda vender ações no Brasil para levantar recursos e para permitir a saída de parte dos acionistas da empresa.

    Abilio, com investidores do fundo Tarpon, já teria comprado mais de 5% das ações do Carrefour, tornando-se um dos maiores acionistas individuais da varejista francesa. A rede francesa tem entre os principais acionistas o fundo americano Colony e o bilionário francês Bernard Arnault, controlador do grupo LVMH (Louis Vuitton Moët Hennessy).

    CONFLITO DE INTERESSE

    Pouco antes de sair do conselho do Pão de Açúcar no ano passado, o empresário assumiu a presidência do conselho de administração da BRF, empresa que reúne as marcas Sadia e Perdigão, então uma das principais fornecedoras da rede varejista.

    A permanência de Abilio nos conselhos do Pão de Açúcar e da BRF foi questionada pelo Casino, que via conflito de interesse e potencial fonte de disputa com concorrentes e fornecedores.

    A briga entre Abilio e o Casino se arrastava publicamente desde 2011, quando o brasileiro tentou comprar as operações do Carrefour no Brasil. A estratégia impediria que os franceses do Casino assumissem o controle do Pão de Açúcar em 2012, conforme fora acertado em 2005.

    A proposta de fusão enfureceu o Casino, que disse que houve quebra de contrato e recorreu à arbitragem internacional. A repercussão negativa foi forte, e o BNDES, que estudava financiar a aquisição do Carrefour, desistiu.

    Sob o comando de Abilio, o Pão de Açúcar saiu do fundo do poço para liderança do varejo no país. Nos anos 80, demitiu 20 mil funcionários e fechou lojas. Em 1999, o Casino entrou na empresa e, em 2000, o Pão de Açúcar se tornou líder.

    Procurada, a Península Participações, que reúne os investimentos de Abilio e seus filhos, não comentou o assunto. O Carrefour também não quis comentar o caso.

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