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    Ex-executivos do BVA processam dono do grupo Caoa e Banco Central

    DAVID FRIEDLANDER
    JULIO WIZIACK
    DE SÃO PAULO

    19/12/2014 02h00

    Acusados de desvios de recursos, fraudes contábeis e gestão temerária, o ex-presidente Ivo Lodo e ex-diretores do banco BVA, que está em processo de falência, partiram para o ataque.

    Nesta quinta (18), entraram na Justiça com uma ação em que acusam o Banco Central e o empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, dono do grupo Caoa, por supostos prejuízos que teriam levado à falência do banco.

    Os executivos pedem também uma indenização, estimada em cerca de R$ 3 bilhões pelo advogado Cristiano Martins.

    De acordo com a ação, Oliveira Andrade, que era ao mesmo tempo sócio e principal cliente do BVA, teria agido para desvalorizar o banco, que ele tentava comprar.

    Segundo essa versão, o empresário sacou cerca R$ 1 bilhão de sua conta no banco ao longo de 2012, quando a instituição já enfrentava problemas de caixa.

    As retiradas descapitalizaram ainda mais o BVA, provocaram apreensão no mercado e, segundo a ação, levaram outros clientes a sacar.

    "Como sócio, Oliveira tinha dever de lealdade. Ele sabia da fragilidade em que a instituição ficaria após as retiradas", diz o advogado.

    O empresário não quis comentar.

    BANCO CENTRAL

    Com um rombo de R$ 1,4 bilhão em outubro de 2012, o BVA sofreu intervenção do Banco Central. A partir daquele momento, dizem os ex-executivos, a tutela do BC piorou ainda mais a situação do banco levando à sua liquidação, em junho de 2013, e ao pedido de falência, decretada pela Justiça de São Paulo em setembro deste ano.

    Segundo a ação, a demissão de 170 funcionários prejudicou a cobrança das dívidas a receber.

    Os executivos acusam o BC, na figura do interventor, de também não executar garantias de vários empréstimos, somavam R$ 2 bilhões.

    Com isso, pelas regras do sistema financeiro, mais da metade da carteira de crédito foi dada como irrecuperável o que, pelas regras do mercado financeiro, obriga a instituição a pedir falência.

    Além disso, o interventor teria liberado indevidamente garantias de devedores e contratado escritórios de advocacia por valores elevados.

    Tudo somado, o rombo do BVA aumentou de R$ 1,4 bilhão, no dia da intervenção, para R$ 5 bilhões, quando foi decretada a falência.

    O Banco Central nega as acusações dos ex-diretores do BVA e disse que irá defender sua posição na Justiça.

    Os ex-executivos estão tentando reverter a decisão numa outra ação, que segue desde setembro deste ano.

    Antes da falência, eles fizeram várias tentativas de negociar o banco, que esteve a ponto de ser vendido para o dono do grupo Caoa.

    Sem sucesso, contrataram o banco BTG Pactual, advogados e auditores para montar uma operação que, se desse certo, também poderia resultar na venda do banco. Mas foram surpreendidos com a decretação da falência.

    'SANHA INDENIZATÓRIA'

    O Banco Central nega as acusações dos ex-diretores do BVA e disse que irá defender sua posição na Justiça.

    "São improcedentes as alegações e o BC está pronto para resistir firmemente a essa investida, fruto da sanha indenizatória do particular [Ivo Lodo] que, após gerir de forma ruinosa os negócios da instituição, busca reparação de danos à custa do erário", disse o procurador-geral do Banco Central, Isaac Sidney Menezes Ferreira.

    Nas investigações que levaram à liquidação e falência do BVA, os sócios e principais executivos do banco foram acusados do desvio de R$ 195,4 milhões entre 2009 a 2011, e banidos do mercado financeiro por até 20 anos. A pena máxima foi aplicada ao a Ivo Lodo, o ex-presidente e sócio da instituição.

    O empresário Carlos Alberto Oliveira Andrade não quis comentar, porque não tem conhecimento dos termos da ação.

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