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    Pressão para entrega na Copa pode deixar Guarulhos R$ 500 mi mais caro

    DIMMI AMORA
    DE BRASÍLIA

    19/12/2014 02h00

    A pressa para conceder o aeroporto de Guarulhos (SP), o maior do país, resultará em custos mais elevados que serão assumidos pelo governo ou pelos consumidores.

    A vencedora da disputa pela unidade em 2012, a GRU Airport (formada pela empresa Invepar, uma sociedade da OAS com fundos de pensão), entrou com um pedido de revisão do contrato, no valor de pouco mais de R$ 500 milhões, argumentando que teve que assumir custos não previstos. É o chamado reequilíbro.

    O governo pode ou não aceitar esse valor, que corresponderia a cerca de 2% do que a empresa pagará de outorga ao governo ao longo de 20 anos, mas seria suficiente para pagar a reconstrução do Aeroporto de Vitória (ES).

    Paulo Whitaker/Reuters
    Terminal 3 do aeroporto internacional de Guarulhos (SP)
    Terminal 3 do aeroporto internacional de Guarulhos (SP)

    São quatro os principais itens do pedido em análise pela Anac (Agência Nacional e Aviação Civil).

    Um deles diz respeito a mudanças relativas a normas de segurança do aeroporto, depois de assinado o contrato. Também foi pedida compensação por problemas no funcionamento de determinadas partes do aeroporto gerados por atrasos de licenças. O contrato previa a compensação para esses casos.

    Mas em outros dois pedidos há divergências sobre o direito ao ressarcimento.

    Em um deles, a empresa alega que havia passivo ambiental. Em outro, que recebeu equipamento fora das especificações.

    Um especialista consultado pela Folha argumenta que caberia à empresa verificar as condições do aeroporto antes de assumi-lo. Outro diz que o governo era responsável por entregar o aeroporto em condições de uso já que a unidade era administrada pela estatal Infraero, hoje sócia da GRU Airport.

    O fato é que o mesmo problema de Guarulhos ocorrerá em todas as concessões aeroportuárias, já que os estudos foram feitos com pressa, por causa da Copa. No caso de Guarulhos, o estudo ficou pronto em menos de seis meses, quando normalmente são necessários entre um e três anos para esse trabalho.

    Mesmo alertado de que os estudos eram incompletos, a Anac, a Secretaria de Aviação Civil e o TCU aprovaram a concessão.

    Sem a pressa, porém, não seria possível fazer as obras de ampliação necessárias até a Copa do Mundo o que, em grande parte, colaborou para o bom desempenho da aviação no evento.

    O contrato prevê que o reequilíbrio pode ser dado com aumento de tarifa, do tempo de concessão ou na redução do valor da outorga. O mais provável é que seja dado na outorga. Guarulhos pagará R$ 16,2 bilhões em 20 anos de concessão e mais 10% de seu faturamento anual.

    ALTERAÇÃO

    A repactuação de contratos é um instrumento legal usado em praticamente todo o mundo para reduzir o risco, para quem assume uma concessão de longo prazo, de perdas em caso de mudanças bruscas de cenário.

    A Anac foi questionada especificamente sobre os itens do contrato que levaram ao pedido de reequilíbrio, mas informou que não poderia comentar porque o concessionário pediu sigilo. A GRU Airport não respondeu às perguntas enviadas.

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