• Mercado

    Sunday, 05-May-2024 06:46:44 -03

    Petrobras terá menor peso no Ibovespa desde 1998

    TONI SCIARRETTA
    DE SÃO PAULO

    20/12/2014 02h00

    Os papéis da Petrobras terão a partir de janeiro cerca de 7,5% do Ibovespa, o principal termômetro da Bolsa no país. Será a menor participação da estatal desde os 7,6% de agosto de 1998, logo após a privatização do antigo sistema Telebrás e quando as telefônicas eram as empresas mais importantes da Bolsa.

    Na última composição, que vigora até o dia 4 de janeiro, a Petrobras ainda tem 14,2% –8,7% das ações preferenciais (sem voto) e 5,5% das ordinárias (com voto).

    O motivo é o derretimento do valor de mercado (soma de todas as ações) da Petrobras, que desceu de R$ 214,7 bilhões para R$ 125,3 bilhões apenas neste ano. A estatal já chegou a valer R$ 510,4 bilhões em maio de 2008, período de bonança dos mercados e da estatal de petróleo.

    Desde o início deste ano, o Ibovespa passou a adotar uma nova metodologia de cálculo que leva em consideração o valor de mercado das empresas. Quanto menor o valor de mercado, menor o peso no índice.

    Até então, o Ibovespa refletia apenas as ações mais negociadas na Bolsa.

    Isso causava uma distorção que ficou insustentável à medida que viravam pó (chegavam próximo de zero) as ações da antiga OGX (atual OGPar), petroleira do empresário Eike Batista.

    Como tinham um peso elevado no Ibovespa, os investidores que seguem o Ibovespa (alguns fundos têm obrigatoriamente de refletir o índice) eram obrigados a comprar cada vez mais ações da OGX para compensar o menor valor desses papéis.

    Foi a primeira mudança relevante no índice em 45 anos. A nova metodologia passou também a excluir as ações com valor inferior a R$ 1.

    Editoria de Arte/Folhapress

    No vácuo da Petrobras, ascenderão ao posto de ações de maior peso no Ibovespa os bancos Itaú (11,2%) e Bradesco (8,5%), seguidos pela Ambev (7,1%), de acordo com a última prévia do Ibovespa, que vai vigorar de janeiro a maio de 2015.

    Nessa prévia, que saiu no início do mês, a Petrobras aparecia com 7,6%, mas o peso diminuirá por que a estatal perdeu mais R$ 29,4 bilhões de valor de mercado em dezembro. A composição final sairá no dia 5 de janeiro.

    EFEITOS

    O principal efeito da redução da estatal no Ibovespa será uma "menor contaminação" da Bolsa com a crise da Petrobras. Neste ano, enquanto as ações preferenciais da estatal caem 38,8%, o Ibovespa recua 3,6%.

    O segundo efeito será uma pressão adicional para os investidores venderem os papéis da estatal. Isso porque os fundos que seguem o Ibovespa não precisarão ter mais tantos papéis em carteira.

    "Cria-se um ciclo em que a ação vai perdendo valor e, por consequência, percentual do Ibovespa", disse Celson Placido, estrategista-chefe da corretora XP Investimentos.

    "Não vejo tanta semelhança ainda com o caso da OGX no ano passado. Mas a perda do valor das ações caminha da mesma forma", disse Fabio Fuzetti, da CM Capital.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024