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    Bem-estar dos animais entra na mira de gigantes da alimentação

    JOÃO ALBERTO PEDRINI
    DE RIBEIRÃO PRETO

    21/12/2014 02h00

    Numa gaiola com espaço menor que um papel formato A4 ficam as galinhas poedeiras. Também confinadas, porcas, cercadas de grades para economizar espaço e não esmagar os leitões, são presas para inseminação, gestação e amamentação.

    Mas esses animais estão perto de ter dias melhores em algumas granjas do país.

    Gigantes da indústria estão adotando medidas que visam garantir uma vida melhor aos bichos -uma preocupação antes restrita a ONGs e de poucos consumidores.

    A Unilever, detentora das marcas Hellman's e Arisco, por exemplo, se comprometeu a financiar e fornecer expertise para pesquisas de métodos alternativos para evitar a eliminação de pintinhos machos, que são mortos logo no primeiro dia de vida porque não põem ovos.

    Uma saída seria determinar o sexo antes do nascimento, e produzir só fêmeas.

    "Há uma pressão maior do consumidor, que quer comprar o que é ético e correto", diz Paola Rueda, supervisora de bem-estar animal da World Animal Protection.

    A entidade, uma das mais importantes do mundo, e a BRF, das marcas Sadia e Perdigão, firmaram no final de novembro um carta de intenção em que a empresa se compromete a adotar práticas visando o bem-estar animal.

    Entre elas está a adoção do sistema de gestação coletiva de suínos, num prazo de 12 anos. "Na Europa, o pilar da sustentabilidade inclui o bem-estar animal, que agora passa a ser uma exigência também do brasileiro", diz Marcos Jank, diretor de assuntos corporativos da BRF.

    Editoria de Arte/Folhapress

    A Nestlé também assinou um acordo com a ONG prevendo normas mais rigorosas de proteção aos animais nas propriedades que fornecem matéria-prima à indústria.

    Há, por exemplo, novos requisitos de espaço para os locais onde são criados suínos e vacas, para que eles não fiquem amontoados e que possam expressar seus comportamentos naturais.

    Na Arcos Dorados, que gerencia franquias do McDonald's na América Latina e Caribe, todos os fornecedores de carne suína devem apresentar, até 2016, projetos para eliminar o uso de celas de gestação e utilizar o sistema de criadouros coletivos.

    As empresas negam que os custos dessas medidas serão repassados ao consumidor.

    PRIMEIRO PASSO

    As indústrias estão dando o primeiro passo em direção ao conceito de bem-estar animal, mas estão longe do que é considerado ideal.

    No Brasil, há apenas um certificado que atesta a produção de animais livre de qualquer tipo de sofrimento: o Certified Humane. E só uma empresa detém esse título, a Korin, localizada em Ipeúna (SP). Luiz Demattê, diretor, diz que todas as galinhas poedeiras são criadas no chão, fora de gaiolas. "Nossa base é a agricultura natural."

    Em 1995, quando a empresa foi criada, eram abatidos 12 mil frangos por mês. Hoje são 450 mil abates, com a expectativa de dobrar a produção em dois anos.

    Para Lizie Pereira Buss, da comissão técnica de bem-estar animal do Ministério da Agricultura, é possível aliar produção em larga escala a práticas que visam o bem-estar dos animais.

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