A avaliação de analistas ouvidos pela Folha é que existem dois cenários possíveis para a Petrobras em 2015. No primeiro, a empresa faz forte baixa contábil no resultado do terceiro trimestre deste ano –ainda não publicado– e registra prejuízo.

"Nesse caso, os dividendos ficariam suspensos, pois a empresa só é obrigada a remunerar o acionista quando há lucro", afirma Elad Revi, analista-chefe da Spinelli Corretora.

"Não é provável que ela siga por aí, pois o governo é o maior interessado em receber dividendos para fechar suas contas."

No segundo cenário, a empresa faria ajustes contábeis aos poucos em seus próximos balanços, o que teoricamente permitiria que ela distribuísse dividendos aos acionistas.

"É preciso considerar que a empresa pode ter um resultado horroroso no terceiro trimestre, mas que esses números sejam compensados pelos dois primeiros trimestres do ano. Assim, com lucro anual, a empresa teria que pagar dividendo", diz Carlos Müller, analista-chefe da gestora Geral Investimentos.

	Editoria de Arte/Folhapress

MAIS DIFICULDADES

A chance de receber dividendos não compensa o investimento nos papéis da Petrobras, na opinião de Pavel Molchanov, analista da corretora Raymond James, pois ele vê dificuldades ainda maiores.

"A investigação [da PF] é um problema, mas não é a principal preocupação. Um obstáculo mais fundamental é o alto nível de alavancagem [endividamento em relação à capacidade de gerar caixa]. No primeiro mandato de Dilma, a dívida da empresa dobrou, passando de algo em torno de US$ 70 bilhões para US$ 140 bilhões", diz.

"Essa dívida deixa a companhia com dificuldade de honrar investimentos previstos para o desenvolvimento do pré-sal, sem falar nos dividendos. A situação já seria preocupante com o petróleo a US$ 100, mas é mais grave com o barril nos níveis atuais."