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    Taxa de juros ao consumidor é a maior desde março de 2011

    RENATA AGOSTINI
    DE BRASÍLIA

    22/12/2014 11h11

    A taxa média de juros cobrada do consumidor chegou a 44,2% ao ano em novembro, informou nesta segunda-feira (22) o Banco Central.

    Trata-se do maior patamar da série histórica do BC, iniciada em março de 2011. A taxa refere-se às linhas oferecidas às pessoas físicas com recursos livres, nas quais os bancos são livres para escolher as taxas oferecidas aos consumidores.

    Em outubro, os juros estavam em 44,0% ao ano.

    Para as empresas, o custo do crédito aumentou em 0,1 ponto percentual para 23,5% ao ano. Com isso, a taxa média total com recursos livres chegou a 33%.

    A alta dos juros ao consumidor reflete o ciclo de aperto monetário promovido pelo BC desde o início do ano passado. Em abril de 2013, a taxa básica de juros (Selic) subiu para 7,5% ao ano. No início deste mês, chegou a 11,75% ao ano.

    Aumentar a taxa básica é uma forma do governo tentar moderar o consumo e, assim, controlar a inflação, que vêm rondando o teto da meta, de 6,5% ao ano.

    Com os juros altos, fica mais caro para o consumidor tomar empréstimos e fazer compras parceladas.

    Até novembro, o índice oficial de inflação medido pelo IBGE acumulava alta de 5,58%. Em 12 meses, a taxa está em 6,56%. O governo só terá descumprido a meta, contudo, se a inflação superar o teto ao final de dezembro, cujo índice será conhecido em janeiro próximo.

    Apesar da alta do custo dos empréstimos, a inadimplência seguiu estável em 6,5%, muito próximo ao menor patamar da série histórica, de 6,4% em abril de 2011.

    No caso dos recursos direcionados, segmento que inclui as linhas do BNDES, do crédito habitacional e rural, o juro total ficou estável em 7,9% ao ano e a inadimplência seguiu em 1% ao ano, como no mês anterior.

    EXPANSÃO DO CRÉDITO

    O estoque total de empréstimos chegou a R$ 2,96 trilhões em novembro, aumento de 1,3% frente a outubro.

    Mais uma vez, o saldo do crédito direcionado, que possui taxas menores, puxou o crescimento. Enquanto o estoque neste segmento aumentou 1,7% no mês, o saldo de recursos livres subiu somente 0,9%.

    Uma das explicações para o baixo crescimento do crédito para as famílias é a entrada do 13º salário, segundo o BC.

    A renda adicional fez com que o consumidor quitasse suas dívidas com cheque especial, cujo saldo teve retração em novembro.

    "Isso segurou a expansão do crédito para pessoa física. Poderia ter crescido mais. O consignado voltou a crescer de forma destacada, a exemplo do que ocorreu no mês passado", afirmou Tulio Maciel, chefe do departamento econômico do BC.

    Em doze meses, o estoque do crédito direcionado acumula alta de 25%. Já o saldo do crédito livre, de 4,7%.

    BNDES

    Os desembolsos do BNDES seguiram em expansão, embora a concessão de crédito pelo banco estatal mostre "arrefecimento", segundo Maciel.

    Em novembro, a carteira de crédito aumentou 1,5%. Em doze meses, a alta é de 15,3%.

    "O resultado do mês passado foi menor do que o de novembro do ano passado. É preciso levar em conta que o câmbio influencia. Parte da carteira está vinculada à taxa de câmbio e, em novembro, tivemos desvalorização de 4,7% no câmbio", afirmou Maciel.

    PROJEÇÕES

    O crédito disponível no país chegou a 58% do PIB (Produto Interno Bruto), como previsto pela autoridade monetária para o ano. No mês anterior, a proporção era 57,6% e, em novembro do ano passado, de 55,1%.

    O BC também manteve a projeção para o crescimento do saldo do crédito no ano, que deve ficar em 12% segundo a autoridade monetária - até novembro estava em 11,8%.

    O desempenho será puxado pelos bancos públicos, cujo estoque deve aumentar 15% nos cálculos do BC. A autoridade monetária projeta que os bancos privados estrangeiros crescerão o saldo de financiamentos em 7%. E os privados nacionais, em 5%.

    Nos últimos quatro anos, a expansão do crédito está em desaceleração no país. Em 2010, houve aumento de 20,6% no estoque de financiamentos. Em 2011, o crescimento foi de 18,8%, passando para 16,4% em 2012. Já no ano passado, o aumento foi de 14,6%.

    O PRÓXIMO ANO

    Para 2015, mesmo com o aumento dos juros, a estimativa do BC é que o crédito mantenha expansão de 12%.

    "Está no mesmo patamar. Mas isso representa em termos de tendência histórica uma moderação, a exemplo do que já vem ocorrendo em 2014", afirma Tulio Maciel.

    O saldo do crédito direcionado terá alta de 16%, enquanto o do crédito livre aumentará 7%, segundo o BC.

    Os mais públicos novamente puxarão o crescimento com expansão de 14% na carteira de crédito, enquanto os privados nacionais crescerão o estoque em 9% e os privados estrangeiros em 7%.

    A pequena redução na previsão de crescimento da carteira dos bancos públicos em 2015 frente este ano já leva em conta, entre outros fatores, o aumento das taxas de juros para empréstimos de longo prazo a empresas, da TJLP e do PSI (Programa de Sustentação do Investimento), anunciadas na semana passada.

    O chefe do departamento econômico do BC afirma, contudo, que o custo do crédito do BNDES seguirá menor do que "na média do sistema como um todo".

    A TJLP será de 5,5% no primeiro trimestre de 2015. Hoje, está em 5% ao ano. No caso do PSI, os juros estão entre 4% e 8% ao ano. Passam para uma faixa entre 6,5% e 10% ao ano. O percentual de financiamento dos bens vai cair de até 100% para até 70%.

    A relação crédito/PIB em 2015, segundo projeção do BC, deve ficar em 61%. "Diria que ainda há espaço para aumentar [essa relação], mas a taxas menores", afirmou Tulio Maciel.

    SPREAD

    O spread total - diferença entre o custo de captação e o valor cobrado do tomador de empréstimo e que constitui a maior parte do lucro bancário - caiu 0,2 ponto percentual para 12,6 pontos percentuais.

    O spread dos empréstimos com crédito livre chegou a 21,2 pontos percentuais. Já nas linhas com crédito direcionado seguiu em 2,8 pontos percentuais.

    Folhainvest

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