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    Jovem da periferia é quem mais tem dificuldade para quitar dívidas

    CLAUDIA ROLLI
    DE SÃO PAULO

    23/12/2014 02h00

    De cem consumidores que fazem parte do grupo jovens adultos da periferia, um dos mais relevantes para o consumo do país, só 37 conseguiram se livrar de dívidas e recuperar o acesso ao crédito.

    Esse grupo corresponde a 23% do total de 35 milhões de endividados que a Serasa Experian acompanhou de janeiro a agosto para traçar o mapa da inadimplência no país.

    Com maior peso na população, o grupo de jovens adultos da periferia é o que teve mais dificuldade para efetuar os pagamentos em dia e quitar dívidas dentre 11 segmentos analisados pela Serasa.

    Foram consideradas dívidas com atraso acima de 90 dias e valor superior a R$ 200.

    editoria de arte/folhapress

    "São pessoas que ingressaram mais recentemente no mercado de consumo e ainda não têm uma cultura para lidar com o crédito", diz Juliana Azuma, superintendente da Serasa Experian.

    Cartão de crédito, crediário e outras formas de empréstimo que permitem o parcelamento são os meios mais utilizados por esses jovens.

    O grupo é formado por 16,8% dos brasileiros acima de 18 anos. Eles têm entre 21 e 35 anos, em sua maioria, e respondem por um quinto do crédito ofertado no país. Consomem vestuário, cosméticos e valorizam marcas como forma de inclusão social.

    Segundo Marcel Solimeo, economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo, a chance desse tipo de consumidor se endividar é 20% maior do que os que têm mais tradição em lidar com crédito. "Tem de ter certa experiência e disciplina para lidar com crédito", diz.

    Maurício Prado, sócio-diretor da Plano CDE, consultoria especializada em baixa renda, diz que o consumo é uma forma que os jovens usam para se diferenciar e, muitas vezes, arriscam se endividar para serem "aceitos".

    MASSA TRABALHADORA

    O segundo segmento de consumidores com alto grau de endividamento é o grupo massa trabalhadora urbana. São moradores de favelas, com baixa escolaridade e carteira assinada, em funções de baixa qualificação.

    Esse grupo representa 14,32% da população e tem peso de 15% no total de consultas de crédito do Brasil.

    "Eles utilizam o crédito como uma extensão do rendimento. Por isso, sabem a importância de evitar o endividamento, embora ainda não consigam fazê-lo por ter rendimento menor", diz Azuma.

    O economista Luiz Rabi, da Serasa, chama atenção para a alta de 5,6% na inadimplência até novembro, ante igual período de 2013. "Com mais dificuldade para pagar as contas em dia, com a alta de juros e o mercado de trabalho mais fraco, o nível subiu."

    E a tendência para 2015 é de alta. "O cenário para o ano que vem é de alerta, porque a previsão é de que o desemprego aumente e, com isso, a inadimplência deve crescer."

    Editoria de arte/Folhapress

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