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    Royalties do petróleo não ajudaram a melhorar educação, diz estudo

    ÈRICA FRAGA
    DE SÃO PAULO

    23/12/2014 02h00

    Pesquisas sobre o efeito de gastos em educação têm se tornado mais comuns no Brasil à medida em que os investimentos no setor aumentam.

    Esses estudos recentes tendem a confirmar evidências encontradas por pesquisadores de fora que indicam que o aumento de gastos não garante melhorias.

    O trabalho da economista Joana Monteiro –que também chegou a essa conclusão– foi apresentado há duas semanas no seminário "Financiamento e gestão da educação no Brasil" na Fundação Getúlio Vargas (FGV).

    Segundo Fernando Veloso, um dos organizadores do evento, há um conjunto amplo de evidências de que simplesmente aumentar despesas não tem efeito imediato.

    Veloso afirma que o gasto por aluno no Brasil aumentou 2,5 vezes (descontada a inflação) desde o início da década passada. A maior parte dos recursos foram direcionadas ao ensino básico.

    editoria de arte/folhapress

    O economista ressalta que, apesar do aumento, o avanço da qualidade da educação, medido pela Prova Brasil, foi limitado. As notas indicam melhoria contínua nos anos iniciais do ensino fundamental. Nos anos finais desse ciclo e no ensino médio, no entanto, o progresso foi modesto e, em 2013, as metas não foram atingidas.

    Segundo economistas, a dificuldade em atingir melhoras significativas com mais investimentos em educação está associada principalmente a falhas de gestão.

    Em seu recém lançado livro "Repensando a educação no Brasil", João Batista Oliveira estima que o desperdício dos investimentos em educação no Brasil é de, no mínimo, 50%.

    Ou seja, segundo o autor, que foi secretário executivo do Ministério da Educação, cerca de metade dos recursos são mal empregados ou desviados de sua finalidade.

    Ele cita como desperdício o fato de que, no Brasil, os professores usam 60% do tempo letivo para lecionar contra 85% nos países desenvolvidos, segundo um estudo de pesquisadores do Banco Mundial. O elevado índice de repetência é outro exemplo, segundo Oliveira.

    Para Oliveira e Veloso, embora o Brasil já tenha um patamar relativamente elevado de gastos com educação, os investimentos terão, de fato, de aumentar mais para dar conta de mudanças necessárias como ampliação da educação integral e melhoria da educação infantil.

    O problema, dizem, é que é preciso corrigir as falhas de gestão antes que isso ocorra.

    "Enquanto as ineficiências não forem corrigidas, não adianta aumentar investimentos. Eles serão desperdiçados", diz Oliveira, que é fundador e presidente do Instituto Alfa e Beto (IAB).

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