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    Oposição e centrais dizem que vão tentar mudar regras para benefícios

    DE SÃO PAULO
    DE BRASÍLIA

    30/12/2014 02h00

    As centrais sindicais temem o impacto das medidas anunciadas pelo governo para frear as despesas com benefícios trabalhistas em um momento em que se espera alta do desemprego.

    Tanto analistas do mercado financeiro quanto os próprios sindicalistas preveem que haja demissões nos próximos meses, devido à fraqueza da economia.

    As medidas para conter a inflação (aumento dos juros) e para justar as contas do governo contribuem para contrair ainda mais a atividade.

    Pedro Ladeira/Folhapress
    O ministro Aloizio Mercadante durante coletiva em Brasília para anunciar novas regras para concessão de benefícios
    O ministro Aloizio Mercadante anuncia novas regras para concessão de benefícios em Brasília

    O presidente da UGT, Ricardo Patah, considera o início do ano o pior momento para a adoção das medidas. "É justamente quando ocorre o período de maior vulnerabilidade do trabalhador do comércio e dos serviços, atividades que ainda estavam dinâmicas e gerando empregos".

    Segundo Patah, as mudanças mais sensíveis são o aumento do tempo de contribuição para obter o seguro-desemprego e a limitação do auxílio a pescadores (cujos sindicatos integram a central).

    Miguel Torres, presidente da Força Sindical, disse que o pacote não foi tratado com as centrais. "É um presente de grego para os trabalhadores na virada do ano".

    "Estamos abertos a discutir mudanças para evitar desvios. Mas agora, que a inflação está alta, o desemprego deve subir e o trabalhador mais precisa, o governo quer tirar o benefício?", queixa-se.

    Torres afirmou que a Força vai mobilizar outras centrais e deputados para tentar derrubar as propostas. Deputados e senadores da oposição também disseram nesta segunda (29) que vão trabalhar contra as alterações.

    A estratégia dos oposicionistas será conquistar apoio de aliados de Dilma, refratários às regras que atingem aposentados e trabalhadores.

    "Começam a se materializar as contradições da candidata com a presidente. Ela mentiu para a população no processo eleitoral", disse o líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (BA).

    Presidente do DEM, José Agripino Maia (RN) afirmou que o governo está "debitando a conta" de seu deficit nos aposentados. "A Dilma está fazendo tudo o que satanizava na campanha eleitoral. Vai poupar naquilo que não dói neles, petistas. As gastanças' públicas, cargos comissionados, ninguém mexe nisso".

    O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), candidato a vice na chapa de Aécio Neves, também acusou a presidente de colocar em prática ações que condenou na campanha.

    "As medidas amargas que ela acusou o Aécio [de fazer], ela está tomando. A erosão do seu prestígio começa antes do segundo mandato."

    O deputado José Guimarães (PT-CE) saiu em defesa do governo. "Essas medidas são necessárias para segurar a economia e não impactam emprego e renda. Não se está tirando direito de ninguém, mas, sim, moralizando."

    Outros petistas adotaram cautela. "Caso ameace direitos do trabalhador, vou apresentar emendas. Se não forem acatadas, não tenho como votar a favor da proposta", disse o senador Paulo Paim (PT-RS).

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