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    Novo 'Freakonomics' não tem mesma originalidade da série

    MARCELO SOARES
    DE SÃO PAULO

    03/01/2015 02h00

    Toda boa série, seja de livros, seja de TV, tem um momento em que fica óbvia. Steve Levitt e Steven Dubner, autores da série de livros e podcasts "Freakonomics", conhecem bem os efeitos da lei dos rendimentos decrescentes.

    O terceiro livro da série, "Pense Como um Freak", não deixa de ser uma boa leitura de final de semana, mas passa longe do viço do primeiro "Freakonomics", publicado em 2005.

    No período, a série vendeu mais de 7 milhões de livros e cativou leitores ao redor do mundo com uma fórmula simples: um professor de economia e um jornalista especializado escrevendo em prosa simples e irreverente sobre o tipo de insight que as ferramentas da economia e da análise de dados podem trazer a qualquer um.

    Shannon Stapleton/Reuters
    O economista americano Steven Levitt fala durante o World Business Forum, em Nova York (EUA)
    O economista americano Steven Levitt fala durante o World Business Forum, em Nova York (EUA)

    A inovação dos autores chegou até a maneira de autografar o maior número possível de exemplares: em 2006, eles recebiam os endereços dos leitores e enviavam adesivos autografados pelo correio, para que colassem em seus exemplares. Tudo ao redor deles era contraintuitivo.

    O que mudou desde então, porém, foi principalmente a composição das fontes de exemplos.

    O primeiro livro era em parte baseado em pesquisas originais de Steve Levitt. O segundo, "SuperFreakonomics", citava várias pesquisas de amigos. Nesse terceiro livro, porém, rigorosamente todo capítulo tem exemplos manjados para quem acompanha a literatura de economia pop. Soa como uma espécie de caixa de eco do que já foi dito por autores como Dan Ariely, Richard Thaler e até Malcolm Gladwell.

    A mais manjada de todas as histórias citadas é a do motivo pelo qual a banda Van Halen exige que os organizadores de seus shows retirem todos os chocolates M&M'S marrons do potão disponibilizado para os músicos no camarim. Três segundos no Google revelam milhões de citações, e a Amazon registra mais de 70 livros que contam a história só em inglês.

    FÓRMULAS

    A novidade é que os autores deixam evidentes aqui as ideias subjacentes aos livros anteriores, como numa receita de bolo para insights surpreendentes, se é que isso existe. A fórmula, com forte retrogosto de autoajuda, deve fazer sucesso em mesa de bar ou em redes sociais.

    O desgaste da fórmula fica tão evidente que, no último capítulo, os autores discorrem sobre em que situações é razoável desistir de uma empreitada e insinuam estar pensando no assunto. Poucos estranhariam se esse fosse o último da série.

    Não é que eles tenham parado de produzir coisas novas. Ainda em novembro, Levitt foi coautor de um estudo que estima o dano econômico causado pelo furacão Katrina a partir de dados tributários. Mas o sucesso da série foi tanto que os autores vivem num turbilhão de consultorias e palestras. Escrever um novo livro ajuda a ter novas ocasiões de dar entrevistas em talk shows, basicamente.

    OK, a função de um livro de divulgação não é exa- tamente a de trazer pesquisas novas. Mas, seguindo a mesma lei dos rendimentos decrescentes que deixou chocho até o terceiro filme da série "O Poderoso Chefão", o novo livro não é ruim, mas o leitor fiel certamente esperava mais.

    *

    PENSE COMO UM FREAK

    AUTORES Steve Levitt e Steven Dubner

    EDITORA Record

    Quanto R$ 42 (252 págs.)

    AVALIAÇÃO regular

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