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    Jovens aprendem na escola sobre investimento e poupança

    THAIS FASCINA
    DE SÃO PAULO

    05/01/2015 02h00

    A cantina do colégio Pio XII, na zona sul de São Paulo, um dos mais caros da cidade, aumentou o preço dos lanches. No dia seguinte, alunos do 2º ano do ensino médio começaram a trazer marmitas para economizar.

    A iniciativa foi despertada pelas aulas de educação financeira da professora Ana Maria Andolfato, que incluiu a disciplina obrigatória no currículo desde 2006. Os assuntos discutidos em sala de aula vão desde poupança até investimentos na Bolsa.

    Após criar a planilha "quanto eu custo para os meus pais?" e com a inflação do recreio, o aluno Carlos Nishigawo começou a levar o lanche na mochila.

    "Vi que estava gastando demais na cantina e comecei a trazer. Economizei muito."

    A prática só não vingou porque o colégio não disponibilizou micro-ondas para esquentar a comida. "Tem que comer fria mesmo", disse um outro aluno. Porém outros gastos, como roupas e passeios no fim de semana, também foram revistos não só por Carlos, mas também por outros colegas da turma.

    Moacyr Lopes Junior/Folhapress
    Jovens em aula de educação financeira no colégio Pio XII, em São Paulo; alguns optaram pela marmita para economizar
    Jovens em aula de educação financeira no colégio Pio XII, em São Paulo

    VIVENDO COM O MÍNIMO

    Com gastos mensais de R$ 6.800 pagos pelos pais –incluindo mesada, escola e clube–, o estudante Pedro Moraes ganhou o desafio de gerir uma família com um salário mínimo. "As pessoas que têm esse orçamento não vivem; sobrevivem", disse.

    Pedro se aprofundou no tema. Pesquisou quanto custa, em média, morar na comunidade de Paraisópolis, vizinha à sua residência, no Morumbi (zona sul de São Paulo). Colocou na ponta do lápis gastos fixos com alimentação, transporte público, água e luz. "A economia é fundamental nesta família. Uma lâmpada acesa à noite pesa na conta."

    Ele ainda criou situações com gastos extras. "Se em um mês a família ficou devendo ao banco, no outro paga a diferença com o que economizou de água e luz."

    Ao contrário de Pedro, o aluno Lucas Cerqueira teve que ser o chefe de uma família com renda mensal de R$ 25 mil. O que parecia fácil foi um desafio. "Percebi que não é tão simples se organizar. Você acaba gastando ou devendo no outro mês", diz.

    Moacyr Lopes Junior/Folhapress
    Pedro Moraes e Lucas Cerqueira, alunos do colégio Pio XII
    Pedro Moraes e Lucas Cerqueira, alunos do colégio Pio XII

    O Visconde de Porto Seguro, colégio particular de São Paulo, também incluiu no currículo aulas sobre como cuidar do próprio dinheiro. Em 2014, alunos entre três e sete anos participaram do "História com Fantoches - Educação Financeira" e, no fim, confeccionaram um cofrinho para guardar as economias.

    Já no colégio Mary Ward, na zona leste paulistana, a professora Patricia Bacarro coloca os alunos do 1º ano do ensino médio para cumprir metas financeiras.

    "Muitos alunos questionam sobre investimentos na Bolsa de Valores. Aprendem como funciona o mercado de ações e aplicação em poupança", diz Bacarro.

    Nas escolas estaduais e municipais, a aula de educação financeira não é obrigatória. Mas iniciativas como a da professora Tatiana Chagas, da Escola Municipal de Ensino Fundamental Julio Marcondes Salgado, fazem uma enorme diferença.

    Ela criou um projeto para alunos do 7º e 8º anos e incluiu aulas sobre bancos, formas de pagamento e inflação.

    "Eles percebem que o consumo desnecessário é fonte de desperdício de dinheiro e que o uso de produtos pela metade ajuda a destruir a natureza", afirma.

    Folhainvest

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