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    Auditoria aponta operação irregular na Portugal Telecom

    JULIO WIZIACK
    DE SÃO PAULO

    09/01/2015 02h00

    Auditoria da PwC (PriceWaterhouseCoopers) nas contas da Portugal Telecom (PT) confirmou que o suposto investimento de € 897 milhões na compra de papéis da Rio Forte –uma empresa do Grupo Espírito Santo, um dos sócios da operadora– foi um "empréstimo" não só irregular como prejudicial à tele que hoje é sócia da Oi.

    O relatório final da auditoria revelou que o "investimento", autorizado por integrantes da cúpula da Portugal Telecom, ocorreu de forma a que escapasse do controle do conselho de administração da operadora portuguesa.

    Naquele momento, a PT estava se fundindo com a Oi e, por isso, o "investimento" na Rio Forte veio à tona. Isso porque, para consumar a fusão, os saldos das supostas aplicações passaram da controladora (PT SGPS) para a controlada, a operadora PT.

    O que a auditoria também revelou é que, para comprar os papéis da Rio Forte, a PT precisou se endividar captando recursos no mercado. Em uma dessas operações, a captação foi de € 1 bilhão.

    Para chegar a essa conclusão, a PwC entrevistou executivos das empresas envolvidas, analisou documentos e até e-mails. Um dos executivos do Grupo Espírito Santo, Amílcar Morais Pires, afirmou que o "investimento" tinha sido acertado entre Ricardo Salgado, controlador do grupo, Henrique Granadeiro, então presidente da PT SGPS, e Zeinal Bava, então presidente da operadora PT.

    Bava já era presidente da Oi. Desde que o "investimento" se tornou público, o executivo português sempre negou ter participado da decisão ou ter conhecimento sobre a compra dos papéis da Rio Forte.

    A situação levou Granadeiro e o vice-presidente financeiro a pedir demissão e, mais tarde, também custou o cargo a Bava.

    RESULTADOS

    A Rio Forte não pagou a dívida com a PT, entrou em recuperação judicial e acabou em processo falimentar. Pouco depois, o próprio braço financeiro do Grupo Espírito Santo seguiu o mesmo rumo.

    Para evitar a paralisia da fusão, a participação dos portugueses na Oi caiu de 38% para 25%. Caso essa dívida seja paga, os portugueses recompram ações que, até lá, ficarão na tesouraria (fora de circulação). Essa saída ainda aguarda aval da CVM para que a fusão entre Portugal Telecom e Oi seja concluída.

    NEGÓCIO EM RISCO

    O presidente da assembleia de acionistas da Portugal Telecom SGPS, António Menezes Cordeiro, defendeu o fim da fusão com a Oi. O argumento é que a venda da operadora em Portugal para o grupo europeu Altice, por € 7,4 bilhões, fere o contrato de união entre portugueses e brasileiros. Outros sócios da PT também defendem que a fusão não seja feita. No dia 12, assembleia analisa a operação com a Altice

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