O ministro Manoel Dias (Trabalho) disse, nesta sexta-feira (9), que "não há necessidade de ajuda do governo" para estancar o processo de demissão de trabalhadores nas montadoras.
Em entrevista à Folha, Dias afirmou que cabe à pasta tentar acompanhar as discussões e se manter informada sobre a decisão da empresa e dos sindicatos.
"O processo é natural e busca solução entre setores. Acho que é possível manter os empregos. Tudo é possível. Depende de vontade", completou.
Embora os cortes atinjam duas empresas diferentes, a Volkswagen e a Mercedes-Benz, o ministro acredita que os casos são "pontuais" e que não haverá "contaminação" sobre o setor automotivo como um todo.
"A nossa expectativa é de que o resultado dessas negociações e desse diálogo seja uma saída para essa situação. Não sei quais são as propostas das partes, mas elas certamente vão ajustar e respeitar interesses dos trabalhadores e da empresa, numa maneira de manter os empregos."
O ministro Manoel Dias disse também que são positivas as previsões da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) para uma estabilização da produção e venda de veículos em 2015.
"O que temos de ter é uma capacidade de descobrir fórmulas. Oferecer vantagens, facilidades na venda. Estão aí as televisões já mostrando a disputa entre as empresas", comentou.
GARANTIAS
Apesar do otimismo para o caso, o ministro disse não ter recebido nenhuma garantia das empresas de que os empregos serão mantidos.
"Se houvesse garantia não haveria negociação [entre empresas e sindicatos]", afirmou. "O que eles manifestaram é boa vontade de buscar entendimento."
Até o momento, o Ministério do Trabalho já estabeleceu diálogo com a Volkswagen, Anfavea e sindicatos de trabalhadores.
A primeira reunião com representantes da Mercedes Benz, porém, está prevista para ocorrer nesta sexta-feira (9).
GOVERNO
Na próxima semana, o ministro Manoel Dias deverá ter reuniões com os titulares do Planejamento, Fazenda e Desenvolvimento para tratar das medidas que devem ser tomadas ao longo do ano e como o Ministério do Trabalho pode contribuir para as discussões.
Dias destacou que seu papel será "de ouvir" e que não levará nenhuma proposta para as pastas ainda.
A formação de um grupo de trabalho para tratar de incentivos ao setor automotivo, por exemplo, só ocorrerá, segundo Dias, se for uma "iniciativa da Fazenda".