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    Compra de 'green card' passa a atrair investimentos brasileiros nos EUA

    FELIPE MAIA
    DE EDITOR-ADJUNTO DE "CARREIRAS"

    11/01/2015 02h00

    O juiz aposentado Newton Azevedo, 68, vendeu propriedades no Brasil para investir US$ 500 mil (R$ 1,3 milhão) na reforma e na ampliação de um hospital batista no Estado americano do Alabama.

    Ele não espera multiplicar o valor e já considera de bom tamanho se, daqui a cinco anos, receber o investimento (na prática, um empréstimo) com correção de 3,5%. O objetivo era receber um "green card" (visto de residência permanente nos EUA).

    Editoria de arte/Folhapress

    Em julho do ano passado, ele desembarcou no país ao lado da mulher e da filha, que também investiu no hospital, estendendo o direito ao marido e aos dois filhos.

    O juiz conseguiu se enquadrar em um programa do governo americano que dá o "green card" a quem fizer investimento em negócios que gerem ao menos dez empregos no país –a injeção pode ser de pelo menos US$ 500 mil se a região do empreendimento for classificada como de alto desemprego ou de US$ 1 milhão para outras áreas.

    O benefício é estendido ao cônjuge e a filhos de até 21 anos de idade.

    O sistema existe desde os anos 1990, mas vem ganhando força recentemente, puxado principalmente pelo interesse dos chineses, que representam mais de 80% dos que pedem acesso ao programa.

    O número de vistos aprovados pelos EUA por esse sistema cresceu 38% no ano fiscal de 2014 (de outubro de 2013 a setembro do ano passado), chegando a 5.115, cifra ainda pequena perto dos cerca de 1 milhão de "green cards" distribuídos por ano.

    Um dos motivos para o crescimento foi a crise de 2008, que fez secar fontes de financiamento tradicionais.

    O programa, conhecido como EB5, permite que empresas consigam dinheiro para seus projetos a juros baixos, já que em geral o investidor está mais interessado no visto do que no retorno financeiro da injeção em si.

    Os brasileiros representam fração pequena do programa : foram 17 vistos aprovados em 2014 e 9 em 2013, segundo dados do governo americano compilados pela Exclusive Visas, que presta consultoria a investidores.

    Renata Castro, gerente de projetos da companhia, diz que a principal motivação dos interessados costuma ser fugir da violência. Foi essa a principal motivação do juiz aposentado para emigrar.

    Ele, que hoje mora em Winter Garden (Flórida), diz que dois amigos da família foram assassinados em São Paulo e um filho foi assaltado à luz do dia no centro da cidade.

    PIOR QUE A POUPANÇA

    Há agora um movimento ainda restrito, mas crescente, de empresas brasileiras usando o EB5 para atrair investidores brasileiros.

    As companhias admitem que não se trata de um investimento bom do ponto de vista do retorno –o argumento de venda é mesmo o visto.

    "É muito mais a aquisição do 'green card'. A taxa de retorno é muito baixa. A poupança rende mais do que isso", diz Rodrigo Perri, sócio-diretor da Vivenda do Camarão, que fechou dois contratos nesse modelo em 2014.

    A empresa começou a abrir unidades próprias nos EUA em 2013, sob a marca Shrimp House, e hoje tem seis restaurantes –todos na Flórida.

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