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    Fitch corta notas de empreiteiras por preocupações com Lava Jato

    DE SÃO PAULO
    DA REUTERS

    13/01/2015 14h00

    A agência de classificação de risco Fitch anunciou nesta terça-feira (13) o corte de notas de empreiteiras do Brasil devido a preocupações relacionadas à operação Lava Jato, sobre o escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras.

    A lista de companhias que tiveram as notas reduzidas inclui Construtora Queiroz Galvão, Galvão Participações, Galvão Engenharia e Mendes Júnior Trading e Engenharia (MJTE).

    A perspectiva negativa sobre os as notas das três primeiras companhias foi mantido, enquanto no caso da MJTE a observação foi removida.

    No caso da Mendes Junior, a nota global de emissor passou de B- para CC, todas notas do chamado "grau especulativo", considerado de elevado risco de calote.

    Para a Construtora Queiroz Galvão, a nota em escala nacional caiu de AA- para A (veja detalhes da escala de notas no quadro abaixo). Apesar do rebaixamento, a nota é considerada de baixo risco de inadimplência. Como a escala é nacional não se fala em grau de investimento ou especulativo, segundo a Fitch.

    A nota de emissor internacional da Galvão Participações passou de B+ para B-, enquanto o rating (nota) nacional da Galvão Engenharia caiu de BBB+ para BB+. São todas avaliações de médio para alto de risco de inadimplência.

    Na última sexta-feira (9), a Fitch havia dito em relatório que mais construtoras brasileiras deveriam ter suas notas rebaixadas.

    HISTÓRICO

    A primeira empreiteira a ter notas rebaixadas por agências internacionais de classificação de risco foi a OAS. A avaliação da empresa foi rebaixada pelas três principais agências: Fitch, S&P (Standard and Poor's) e Moody´s e chegou ao nível D, que reflete alta probabilidade de "default" (calote).

    Com dois calotes seguidos em apenas três dias, a empreiteira OAS já deixou de pagar R$ 117,8 milhões a investidores no Brasil e no exterior. A empresa entrou numa grave crise financeira depois que seu crédito secou por causa da Operação Lava Jato.

    Na última segunda-feira (5), a OAS não pagou R$ 101,8 milhões em debêntures (títulos de dívida) que venceriam apenas em 2016, mas foram antecipadas por causa da crise da empresa.

    Outros R$ 16 milhões em juros de papéis no exterior já não tinham sido honrados na sexta (2). A empreiteira tem mais obrigações vencendo no final deste mês e em abril.

    A Folha apurou que a estratégia da empresa é não pagar bancos e investidores e preservar seu caixa para garantir o andamento de suas obras. A ideia é fazer isso enquanto tenta vender seus ativos para pagar dívidas.

    Editoria de Arte/Folhapress

    Por meio de nota, a empresa informou que "ambas as suspensões de pagamentos estão em linha com o anunciado plano de reestruturação de dívidas que será levado aos credores".

    Como a Folha antecipou em dezembro, a OAS contratou assessores para preparar um plano de renegociação de sua dívida de R$ 7,9 bilhões com credores. Metade dessa dívida está nas mãos de investidores estrangeiros. No Brasil, o maior credor é o Bradesco, com R$ 900 milhões.

    O plano, que deve ser apresentado nos próximos dias, está sendo preparado pela G5 Evercore, na área financeira, e pelos escritórios Mattos Filho e White & Case, no campo jurídico.

    Desde que a Operação Lava Jato ganhou corpo, a situação da OAS vem piorando a cada dia. Uma das empresas acusadas de subornar diretores da Petrobras para conseguir contratos, a empreiteira passou a receber com atraso não apenas da estatal, mas de outros órgãos do governo.

    Editoria de Arte/Folhapress
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