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    Após freio em 2014, Caixa Econômica Federal estuda subir juro imobiliário

    TONI SCIARRETTA
    DOUGLAS GAVRAS
    DE SÃO PAULO

    15/01/2015 02h00

    A Caixa Econômica Federal, que detém 70% do crédito imobiliário no país, estuda reajustar as taxas de juros do financiamento imobiliário, mudança que deverá ter impacto nos juros dos demais bancos e no ritmo de atividade da construção civil.

    Será a primeira alteração na tabela da Caixa após um "congelamento" que durou todo o ano de 2014.

    A decisão reforça o discurso da nova equipe econômica de ajuste fiscal e de redução de subsídios do governo.

    Segundo a Caixa, ainda não há uma data para a mudança na tabela, apesar de alguns corretores esperarem a alteração a partir de fevereiro. O banco se limitou a dizer que faz estudos para avaliar o impacto do juro maior em sua estratégia comercial.

    Editoria de arte/Folhapress

    O reajuste nos juros da Caixa, que funcionam como um piso do mercado (o banco estatal é reconhecido por cobrar as menores taxas), deve levar as demais instituições a elevarem também os juros do empréstimo habitacional.

    Apesar da alta generalizada dos juros nas demais linhas de crédito em 2014, os bancos resistiram em repassar a variação para o empréstimo imobiliário, que conta com recursos da poupança captados com pagamento de 6% ao ano mais TR.

    No ano passado, a taxa Selic (juros básicos) subiu de 10% para 11,75% de janeiro a dezembro, enquanto os juros médios do financiamento imobiliário começaram em janeiro e terminaram novembro –dado mais recente– em 8,5%.

    Para Octavio de Lazari, presidente da Abecip (associação das empresas de crédito imobiliário), mesmo se a Caixa subir os juros, o impacto deverá ser "marginal" na conta final dos mutuários dentro do SFH (Sistema Financeiro da Habitação), que vale para imóveis até R$ 750 mil nas principais capitais.

    A mudança maior, afirma Lazari, será nos empréstimos fora do SFH, voltados para alta renda e que não contam com recurso da poupança.

    BAIXA RENDA

    "Um aumento nos juros significa excluir muita gente do mercado imobiliário. É o processo inverso do que aconteceu anos atrás", disse Claudio Bernardes, presidente do Secovi-SP (sindicato do mercado imobiliário).

    "A medida tende a aumentar o estoque de imóveis novos, que já está alto em cidades como São Paulo, e diminuir a velocidade de vendas. As pessoas vão demorar mais para comprar o imóvel."

    Apesar do estudo, a Caixa nega que vá mexer também nos juros dos empréstimos para a habitação popular, como as três linhas do programa Minha Casa, Minha Vida e os financiamentos feitos com carta de crédito do FGTS.

    No Minha Casa Minha Vida, as taxas vão de 4,594% a 7,40% ao ano mais TR, e, no FGTS, de 4,594% a 8,47%.

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