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    Dilma quer socorro à maior fornecedora de sondas da Petrobras

    VALDO CRUZ
    DE BRASÍLIA
    RAQUEL LANDIM
    DAVID FRIEDLANDER
    DE SÃO PAULO

    16/01/2015 02h00

    Preocupada com as dificuldades financeiras da Sete Brasil, maior fornecedora da Petrobras no pré-sal, a presidente Dilma teve uma reunião com os presidentes do BNDES e o Banco do Brasil no Palácio para tentar destravar empréstimos destinados a socorrer a empresa.

    Segundo a Folha apurou, Dilma repassou a Luciano Coutinho (BNDES) e Aldemir Bendine (BB), sua "disposição e orientação" para buscar liberar recursos já aprovados ou em negociação com as duas instituições, cerca de R$ 10 bilhões.

    Em dezembro, a presidente da Petrobras, Graça Foster, já havia pedido a ajuda de Dilma para acelerar os empréstimos para a Sete Brasil. De lá para cá, o BNDES chegou a programar a assinatura dos contratos duas vezes.

    Alexandre Gentil/Divulgação
    Casco de sonda da Sete Brasil, que tem entre os sócios Petrobras, Bradesco, BTG e fundos
    Casco de sonda da Sete Brasil, que tem entre os sócios Petrobras, Bradesco, BTG e fundos

    A reunião de Dilma com Coutinho e Bendine ocorreu no final da tarde de quarta-feira (14), no Planalto, para analisar principalmente como "resolver pendências" referentes a um empréstimo de US$ 3,5 bilhões (cerca de R$ 9,2 bilhões) para contratação de oito sondas.

    Além desse crédito, Dilma discutiu também a concessão de um empréstimo-ponte de R$ 800 milhões por um consórcio de bancos, liderado pelo BB, para a Sete Brasil resolver seus problemas mais urgentes de caixa.

    O Banco do Brasil não quer liberar o empréstimo de emergência sem que os contratos de longo prazo com o BNDES estejam assinados, para ter mais segurança de que terá o dinheiro de volta. O BNDES, por sua vez, vem exigindo novas garantias a cada reunião.

    A Sete foi criada para construir e alugar 28 sondas de perfuração para Petrobras, um projeto de US$ 25 bilhões (R$ 66 bilhões). Surgiu da decisão do governo de usar o pré-sal para estimular a indústria naval. Ela tem como sócios a própria Petrobras, bancos como Bradesco, BTG Pactual e Santander, além dos maiores fundos de pensão de estatais do país.

    Interlocutores de Dilma disseram à Folha que ela tenta socorrer a Sete Brasil para evitar a quebra de empresas e demissões no setor.

    O comando da Sete Brasil está aflito com a situação financeira da empresa. As dívidas acumuladas até dezembro chegam a R$ 800 milhões e a empresa não paga os estaleiros que contratou.

    ANTICORRUPÇÃO

    A Folha apurou que, para assinar o contrato de empréstimo com a Sete, o BNDES exigiu que a Petrobras e os estaleiros mandem uma carta garantindo que não houve nenhum ato ilícito durante os processos de licitação.

    É a chamada "carta de conforto", mecanismo adotado nos casos em que o banco considera que o risco é maior. A cláusula prevê que os contratos podem ser cancelados caso apareçam irregularidades.

    Boa parte dos estaleiros contratados pela Sete pertence a construtoras envolvidas no escândalo de corrupção da Petrobras. Além disso, o primeiro diretor de operações da companhia foi Pedro Barusco, que confessou ter recebido propina quando era gerente da estatal e fez um acordo de delação premiada em troca de uma punição mais leve.

    Folhainvest

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