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    No comércio, bitcoin ainda serve apenas para marketing

    MARCO ZANNI
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    18/01/2015 00h00

    A moeda virtual bitcoin começou a atrair a atenção dos pequenos negócios no Brasil como forma alternativa de receber pagamentos e, principalmente, como ferramenta de marketing. Entretanto, não convenceu os clientes de que é o momento de tirá-la dos porões da internet.

    Criado em 2009 por um programador anônimo, o bitcoin é uma moeda digital sem vínculo com autoridades monetárias. É comprado em casas de câmbio especializadas ou criado por computadores com alta capacidade de processamento, em uma atividade conhecida como mineração.

    Weimer Carvalho/Folhapress
    Marcos Rodovalho Júnior usa bitcoins para comprar eletrônicos no exterior e suplementos alimentares
    Marcos Rodovalho Júnior usa bitcoins para comprar eletrônicos no exterior e suplementos alimentares

    Sua vantagem é a transferência fácil, imediata e sem taxas para qualquer parte do mundo. O problema é a altíssima volatilidade –de janeiro a dezembro de 2014, o preço caiu 67%. Na semana passada, a cotação quebrou a barreira dos US$ 200, o menor valor desde outubro de 2013 –em dezembro daquele ano, atingiu o pico histórico de US$ 1.165.

    A Folha entrou em contato com 30 dos 98 estabelecimentos brasileiros cadastrados no site CoinMap.org, uma lista de companhias que aderiram ao sistema. Apenas três já haviam realizado alguma transação –duas empresas de hospedagem de sites e um comércio de suplementos alimentares.

    "Só queríamos chamar a atenção da mídia por usarmos uma tecnologia nova", admite Eduardo Oliveira, diretor administrativo da Ultrafitness, um braço da drogaria Ultrafarma, que aceita bitcoins há cerca de um ano.

    A medida rendeu algumas reportagens na imprensa, mas pouquíssimos clientes. Dos R$ 400 mil que fatura por mês, a companhia recebe cerca de R$ 90 na moeda virtual.

    Marcos Rodovalho Júnior, 30, começou a adquirir bitcoins há dois anos para investir, especulando sobre essa forte variação. Logo passou a usá-los para comprar eletrônicos em lojas on-line fora do país. "Acho cartão de crédito pouco seguro, por isso não gosto de passar meus dados para qualquer lojinha na internet", explica. Em novembro, ele introduziu esse tipo de pagamento em seu comércio, a Adega Suíça, em Goiânia. Nenhum cliente quis aderir à novidade ainda.

    O administrador de sistemas Dâniel Fraga, 38, de São Paulo, costuma investir seu dinheiro em ações, mas, por medo da inflação e da desvalorização recente do real, resolveu diversificar e dar atenção ao bitcoin. Hoje, além de ser um especulador por profissão, ele mantém um site com informações sobre as corretoras pelo mundo (o exchangewar.info) e paga a hospedagem da página com bitcoins.

    Só não tem ainda o hábito de comprar produtos. "As lojas que têm o melhor preço nunca aceitam bitcoins", diz. "Eu acabo sendo forçado a usar o dinheiro tradicional."

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