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    Petrobras eleva preço do asfalto

    JOANA CUNHA
    DE SÃO PAULO

    17/01/2015 02h00

    A Petrobras promoveu, no fim de 2014, dois reajustes no valor do asfalto que produz –alta que foi recebida pelas empresas de construção pesada e pavimentação de rodovias como "inviável", capaz de provocar paralisação em obras e demissões.

    O asfalto é um derivado de petróleo fornecido no Brasil exclusivamente pela Petrobras. É a principal matéria-prima da massa asfáltica, usada na pavimentação de vias públicas.

    Os reajustes realizados em novembro e dezembro representam alta acumulada de mais de 30% em relação ao praticado anteriormente, segundo o Sicepot (sindicato do setor no Rio Grande do Sul).

    Segundo Eder Vianna, ex-presidente da Abeda, entidade que reúne distribuidoras de asfalto, o último aumento repassado ao setor havia sido de cerca de 10%, em 2008.

    A alta recente foi considerada "surpreendente e imprevisível", segundo carta enviada na quarta-feira (14) por José Alberto Ribeiro, presidente da Aneor (Associação Nacional de Empresas de Obras Rodoviárias), à diretoria do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) relatando o impacto aos negócios no setor.

    Em obras de restauração e manutenção rodoviária, os materiais asfálticos (produto que pode ser misturado a pedras para produzir a massa aplicada às vias) representam até 40% do custo do empreendimento, segundo o Sicepot.

    "Se a Petrobras está elevando em cerca de 35% o preço do asfalto, o aumento do custo para a empresa executora fica em torno de 12%, em média. Não existe obra no Brasil hoje que dê lucro de 12%. Fica inviável", diz o engenheiro Helcio Farias, do Sinicesp (entidade do setor no Estado de São Paulo).

    O sindicato paulista já começou a negociar com o DER (Departamento de Estradas de Rodagens) e as prefeituras uma solução para que o cronograma das obras em andamento não seja afetado.

    A ideia é que a compra do asfalto, agora mais caro, passe a ser feita pelo próprio órgão contratante, que disponibilizaria o insumo às construtoras, assumindo o custo.

    O DER diz que recebeu um pedido sobre o assunto encaminhado pelo Sinicesp e que vai analisar.

    DEMISSÕES

    Empreiteiras pernambucanas, por sua vez, já discutem medidas mais drásticas. Fala-se em 8.000 demissões até o fim do mês e em paralisação de serviços de pavimentação.

    Procurada, a Petrobras afirma que, na comercialização de asfalto, a relação com o preço do petróleo, cujo valor passa por fortes quedas, "não é direta por se tratar de um derivado com nuances de mercado específicas ao segmento, como condições climáticas e demandas por obras de infraestrutura".

    A empresa não respondeu se a decisão de elevar o preço do insumo tem alguma relação com a crise vivida diante da Operação Lava Jato.

    A estatal informa que "os reajustes de preços dos derivados da Petrobras obedecem a parâmetros estritamente internos".

    Em 2014, o asfalto foi responsável por cerca de 1,3% do faturamento da empresa.

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