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    Músico sem mãos tem estúdio e toca em banda de blues e rock

    FILIPE OLIVEIRA
    DE SÃO PAULO

    19/01/2015 00h00

    A primeira e única vez em que o cantor e produtor musical Dudé Vocalista, nome artístico de Eduardo Martins, 42, teve um emprego com carteira assinada e salário fixo, a relação com a empresa terminou em processo judicial.

    Nascido sem as duas mãos e a perna esquerda (provavelmente devido a talidomida), Dudé trabalhou meio período em uma grande empresa de 2010 a 2012, mas, segundo ele, não recebia as condições adequadas para o serviço.

    Ciete Silverio/Folhapress
    Eduardo Martins é músico sem mãos e tem estúdio de música
    Eduardo Martins é músico sem mãos e tem estúdio de música

    "Eu trabalhava em um lugar aonde só podia chegar subindo escada [usando uma prótese] e não tinha uma mesa mais alta como eu precisaria para poder escrever com meus braços, por causa do comprimento deles."

    Mas, mesmo naquele momento, o emprego formal nunca foi sua atividade principal. Dudé se apresenta em bandas de blues e rock desde os 17 anos, quando passou a tocar em bares de São Paulo.

    Em paralelo com suas bandas, sua primeira ocupação foi como vendedor de instrumentos musicais em uma loja, onde ganhava comissão pelas vendas.

    "Eu vendia guitarras, então dependia muito da minha lábia: pegava todos os manuais dos instrumentos, devorava em casa e sabia explicar tudo aos clientes."

    Outras atividades que sempre realizou foram dar aulas de canto e produção musical e auxiliar em projetos de gravação de áudio.

    Em 2001, começou a montar seu estúdio para dar aulas e gravar em casa. Hoje, dois computadores, uma mesa de som, microfone e teclado estão instalados em seu quarto, do lado da cama.

    Ele diz que pretende ampliar o espaço, mas deve mantê-lo na casa para facilitar sua rotina e locomoção.

    O cantor também se tornará sócio de uma produtora musical neste ano e terá como primeiro trabalho gravar e divulgar o disco de estreia de sua banda, Dudé e a Máfia, além de marcar os shows da turnê de lançamento.

    Ele conta que, mesmo tratando do tema da deficiência e inclusão em algumas das letras de sua banda, não gosta de ser considerado um exemplo de superação.

    "Tudo é uma questão de atitude. Nos shows que fiz, eu nunca tive nenhuma reação de pessoas fazendo reverência para mim nem ninguém me chamando de 'aleijado'. Sou músico, não político. Não sou o Martin Luther King sem as mãos."

    ONDE ATUAM

    Deficientes em SP maiores de dez anos
    1,17 milhão de pessoas têm deficiência visual; 840,9 mil, física; 68,3 mil, intelectual; e 420,5 mil, auditiva

    Economicamente ativos
    Dos com deficiência visual, 44%; auditiva, 37%; física, 22%; intelectual, 19%

    Empregados e empreendedores
    Dos economicamente ativos, 89% estão ocupados. Desses, entre 23% e 27% empreendem

    Perfil do empreendedor
    Atuam por conta própria 94% e, como empregadores, 6%. De 60,1% a 71,8% ganham até R$ 1.020 por mês. Entre 42% e 54% trabalham em casa

    Fonte: Estudo realizado pelo Sebrae-SP a partir do Censo do IBGE de 2010

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