• Mercado

    Monday, 20-May-2024 18:42:12 -03

    Ações de elétricas caem após apagão e afetam Bolsa em dia de baixo volume

    ANDERSON FIGO
    DE SÃO PAULO

    19/01/2015 17h19

    Depois de duas altas consecutivas, o principal índice da Bolsa brasileira começou a semana no vermelho, pressionado por ações do setor elétrico, após um apagão nesta segunda-feira (19) ter atingido os Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Distrito Federal.

    O medo de um racionamento de energia no país, segundo analistas, também intensificou a perda das ações de outros setores importantes da Bolsa, como o de bancos e o de matérias-primas, visto que uma crise elétrica causaria impacto negativo para o já enfraquecido desempenho econômico do país. O temor pressionou o dólar, que subiu.

    O pregão também foi marcado pela baixa quantidade de negócios, o que ampliou a instabilidade das ações, por causa do feriado em homenagem a Martin Luther King Jr. nos Estados Unidos, que manteve os mercados americanos fechados nesta segunda.

    A desvalorização do Ibovespa foi de 2,57%, para 47.758 pontos. O volume financeiro foi de R$ 5,921 bilhões, abaixo da média diária do ano, de R$ 6,406 bilhões, segundo dados da BM&FBovespa.

    Do total movimentado nesta segunda, R$ 2,18 bilhões vieram do vencimento de opções sobre ações (quando termina o prazo de contratos que apostam no valor futuro dos ativos). Sem isso, o volume teria ficado em torno de R$ 3,7 bilhões.

    As companhias do setor elétrico estiveram entre as maiores quedas do Ibovespa no dia, puxadas por CPFL (-7,30%, para R$ 17,52), Light (-6,59%, para R$ 14,75), Cemig (-6,38%, para R$ 11,60), Tractebel (-6,31%, para R$ 31,46), Copel (-5,99%, para R$ 32,15) e Energias do Brasil (-5,85%, para R$ 8,53).

    A Cesp caiu 4,71%, para R$ 24,30, enquanto as ações preferenciais da Eletrobras, com direito a voto, perderam 4,26%, para R$ 7,41. Os papéis ordinários da estatal, com direito a voto, tiveram desvalorização de 3,92%, para R$ 5,39. O índice de energia elétrica da Bovespa teve baixa de 4,61%.

    SEM LUZ

    "As ações do setor elétrico já vinham caindo desde cedo, mas ampliaram as baixas com a notícia sobre o apagão. Falta solidez nesse setor, que precisa de investimentos, mas não consegue captar recursos", diz Alexandre Wolwacz, diretor da Escola de Investimentos Leandro & Stormer.

    O analista Ricardo Kim, da XP Investimentos, avalia que o superaquecimento das águas oceânicas e a formação de bloqueios atmosféricos (massas de ar quente e seco no SE) são "motivos de preocupação", indicando que "estamos cada vez mais próximos de uma crise energética".

    Segundo ele, "a necessidade de racionamento de energia por motivos de abastecimento é cada vez mais provável, dado as causas dos os fenômenos climáticos de 2014 que voltam a ocorrer em 2015", segundo relatório divulgado no final da última semana.

    O analista Felipe Miranda, da Empiricus Research, avalia em nota que o apagão desta segunda reforça "a tese de colapso do setor elétrico do país".

    A falta de energia ocorreu em função de um corte solicitado pelo ONS (Operador Nacional do Sistema) junto às distribuidoras. "A coisa vai piorar", diz Miranda. "Já se fala em queda de 1,5% do PIB [Produto Interno Bruto] caso haja racionamento de energia", completa.

    QUEDA LIVRE

    A queda do setor bancário, segmento com maior peso no Ibovespa, também empurrou a Bolsa brasileira para baixo nesta segunda. O Itaú Unibanco teve a perda mais expressiva, de 3,61%, para R$ 33,10.

    As ações preferenciais da Petrobras também sofreram, na esteira da nova baixa nos preços do petróleo no exterior, que estão em seu menor nível desde 2009. Os papéis recuaram 2,65%, para R$ 9,19.

    Na China, o índice de Xangai recuou 7,7%, maior queda percentual em um dia desde a crise financeira global, em 2008. A queda ocorreu após reguladores terem adotado medidas para conter os empréstimos especulativos no país.

    Com isso, a ação preferencial da Vale cedeu 0,68% nesta segunda, na Bovespa. A China é o principal destino das exportações da mineradora brasileira.

    Das 68 ações do Ibovespa, apenas duas fecharam o dia no azul: a exportadora Fibria teve ligeira valorização de 0,03%, beneficiada pelo avanço do dólar, para R$ 30,15, enquanto a Oi subiu 0,81%, para R$ 5.

    PRESSÃO NO CÂMBIO

    O clima de aversão ao risco causado pelo medo de racionamento de energia no Brasil e o fraco volume de negócios por causa do feriado nos EUA colaboraram para aumentar a pressão no mercado de câmbio.

    Com maior procura por aplicações consideradas de menor risco, como a moeda americana, a cotação do dólar à vista, referência no mercado financeiro, subiu 0,81%, a R$ 2,642. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, avançou 1,29%, para R$ 2,656.

    Nem mesmo as atuações do Banco Central no câmbio amenizaram a alta da moeda americana. O BC deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, por meio do leilão de 2.000 contratos de swap cambial (operação que equivale a uma venda futura de dólares), por US$ 98,4 milhões.

    A autoridade também promoveu um outro leilão para rolar 10 mil contratos de swap que venceriam em 2 de fevereiro, por US$ 489 milhões. Até o momento, o BC já rolou cerca de 56% do lote total com prazo para o segundo dia do mês que vem, equivalente a US$ 10,405 bilhões.

    Folhainvest

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024